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406

R

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A

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M

ed

B

ras

2014; 60(5):404-414

ma oral, os trabalhos são controversos. O tratamento com

testosterona, independentemente da via de administração,

melhora a função sexual e restaura a libido emhomens com

níveis baixos de testosterona

12-15

(

B

) já nos primeiros 3 me-

ses de tratamento

16

(

C

). No entanto, a testosterona parece

não exercer nenhum efeito na função sexual de homens eu-

gonádicos

12

(

B

). A testosterona injetável de longa duração

demonstroumelhor tolerabilidade e açãomais fisiológica

15

(

B

); já a forma oral não se mostrou eficaz na melhora dos

sintomas sexuais

17

(

A

).

Estudos sugerem uma relação direta entre a testoste-

rona livre e a vasodilatação dos corpos cavernosos. Assim

sendo, a terapia com testosterona exerce um efeito sinér-

gico nos pacientes com Daem que responderam parcial-

mente aos inibidores da fosfodiesterase, melhorando so-

bremaneira a função erétil desses pacientes

12,13,18

(

B

). Em

última análise, quando a disfunção erétil não responde

ao tratamento com testosterona, a combinação com ini-

bidores da fosfodiesterase pode ser considerada

2

(

B

).

Não só a testosterona, mas o desidroepiandrosterona

(DHEA) tem sido considerado um androgênio importan-

te para uma adequada função sexual; porém, a sua eficá-

cia na melhora dos sintomas sexuais e da disfunção eré-

til não foi demonstrada

19

(

A

).

Recomendação

A

terapia de reposição com testosterona está indicada

para melhorar a libido e a função sexual apenas nos pa-

cientes com níveis baixos de testosterona. Recomenda-se

o uso de testosterona para melhorar a libido e a função

sexual nos pacientes com Daem.

Q

ual

é

o

papel

da

TRA

na melhora

do

humor

,

da

qualidade

de

vida

e

das

funções

cognitivas

?

A influência da reposição com testosterona na qualidade

de vida de homens mais velhos tem sido amplamente ava-

liada. Embora a maioria dos estudos não tenha boa evi-

dência, sugere-se uma importante melhora na qualidade

de vida após reposição com testosterona em homens tan-

to hipo quanto eugonádicos.

Ao comparar a qualidade de vida de homens com

Daem que utilizam testosterona com a qualidade de vida

daqueles que não a utilizam, a melhora no primeiro grupo

pode ser relativa, ou seja, determinada pelo declínio na

qualidade de vida do grupo placebo, sugerindo um pos-

sível efeito positivo da testosterona em prevenir o declí-

nio da qualidade de vida com a idade

3

(

A

). Além disso, a

melhora da função, do domínio físico e dos sintomas so-

máticos e sexuais com a reposição com testosterona me-

lhora a qualidade de vida do paciente com Daem, poden-

do constituir uma importante estratégia terapêutica na

velhice

4

(

A

)

5

(

B

).

Os efeitos da reposição com testosterona nas funções

cognitivas, no humor e na sensação de bem-estar em ho-

mens com Daem ainda não são claros. Contudo, estudos

com ótima evidência têm demonstrado que a reposição

com testosterona, independentemente da via de adminis-

tração, da dose ou do tempo de tratamento, não afetou a

função cognitiva, o humor ou a qualidade de vida de ho-

mens com Daem

20,21

(

A

)

22

(

B

).

Recomendação

A

reposição com testosterona melhora o humor e a qua-

lidade de vida de homens com Daem, no entanto, não há

evidências do efeito direto da testosterona sobre eles, bem

como sobre a função cognitiva. Recomenda-se fortemen-

te a não utilização de testosterona para melhorar especi-

ficamente o humor, a qualidade de vida ou as funções

cognitivas de homens com Daem.

Q

ual

é

a

influência

da

TRA

sobre

o

metabolismo

de

carboidratos

e

lipídios

?

A hiperinsulinemia e a resistência à insulina (RI) são an-

tecedentes do diabetes melito tipo 2 (DM2). A síndrome

metabólica, por sua vez, é caracterizada por RI associada

a alterações do perfil lipídico, dentre outras. O DM2 é

frequentemente associado ao hipogonadismo masculi-

no; além disso, sugere-se que a reposição com testostero-

na melhora o controle glicêmico bem como a massa gor-

da em pacientes com DM2

23

(

B

).

A terapia de reposição com testosterona injetável tem

se mostrado eficaz na melhora da RI e do controle glicêmi-

co, com uma redução significativa da glicemia de jejum e

da hemoglobina glicada (HbA1c) em homens hipogonádi-

cos comDM2

7

(

A

) ou síndrome metabólica

16

(

C

). Eficácia

semelhante foi observada também nos parâmetros da sín-

drome metabólica, com importante redução da circunferên-

cia abdominal, pressão arterial, concentrações de colesterol

total, LDL-colesterol e triglicerídeos e elevação dos níveis

de HDL-colesterol, mesmo sem mudanças no padrão ali-

mentar

16

(

C

). Um efeito adicional foi observado com a ad-

ministração de testosterona de longa duração. Os pacientes

comDaem e síndrome metabólica obtiveram uma redução

drástica nos níveis de insulina, leptina, HOMA-R e marca-

dores inflamatórios como IL-1-beta, TNF-alfa e PCR

9

(

A

).

A associação de testosterona com um inibidor da aro-

matase aponta uma elevação significativa da relação testos-

terona/estradiol, que determinou uma redução importan-

te nos níveis de triglicerídeos nesses pacientes. Portanto,