Brasília, urgente

Governo brasileiro pretende concentrar vacinação nas quatro marcas já em uso no país

A decisão recente do Ministério da Saúde de não comprar a Covaxin e a Sputnik V revela uma estratégia de concentrar o Programa Nacional de Imunizações (PNI) nas quatro vacinas atualmente em uso no país: Coronavac (Butantan), AstraZeneca (Fiocruz), Pfizer e Janssen, informou o Valor Econômico nesta terça-feira (3). Com o avanço da vacinação — que nos últimos dias superou a marca de 100 milhões de pessoas com a primeira dose –, o governo trabalha no planejamento para 2022 sem considerar uma chegada significativa de novas vacinas. A única mudança deve ser a substituição da Coronavac pela Butanvac, vacina 100% nacional desenvolvida pelo Instituto Butantan. O ministério considera a aplicação desse imunizante já no início do ano que vem, diante da provável necessidade de doses de reforço. Com o início da produção local do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), a Fiocruz também deve estabilizar a oferta de sua vacina para o PNI. Além dos dois imunizantes nacionais, o governo negocia um novo contrato com a Pfizer, que já fechou a venda de 200 milhões de doses para o Brasil. O mesmo vale para a vacina da Janssen, de dose única. Uma exceção pode ser o “booster” produzido pela farmacêutica americana Moderna. A vacina foi desenvolvida especialmente para o reforço da imunização contra a covid-19 e o ministério já iniciou tratativas para avaliar a aquisição. As chinesas Sinopharm e CanSino, contudo, ainda esperam fazer negócio com o Brasil. 


 MEDICAMENTOS 

Remédios para tratar lúpus e artrite reumatoide diminuem a resposta da Coronavac, diz estudo

Pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP) constataram que alguns tipos de medicamentos usados no tratamento de pacientes com doenças reumáticas autoimunes, como artrite reumatoide, são capazes de diminuir a resposta imunológica de vacinas contra a covid-19. Segundo o jornal O Estado de S.Paulo no estudo, cujos resultados foram divulgados na revista Nature Medicine, foram avaliados pacientes imunizados com a Coronavac, produzida no Brasil pelo Instituto Butantan. Ainda é preciso testar se o mesmo efeito ocorre com vacinas de outros laboratórios. Conduzida com apoio da Fapesp e da B3 – Bolsa de Valores, a pesquisa teve o objetivo de avaliar a segurança e a eficácia da Coronavac em pacientes com nove tipos de doenças reumáticas autoimunes. Com base nos resultados, os autores estão elaborando novas estratégias de vacinação para esses pacientes, que incluem suspender o tratamento uma ou duas semanas antes da aplicação da Coronavac e retomá-lo após a vacinação, com o objetivo de melhorar a resposta imune.


PESQUISA

Anvisa autoriza farmacêutica a realizar estudo de fase 3 de medicamento contra covid-19 no Brasil

A farmacêutica Biomm informou, em fato relevante nesta segunda-feira (2), que recebeu autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para iniciar o estudo clínico de fase 3 do anticorpo monoclonal leronlimab no Brasil contra a covid-19, destacou o jornal O Estado de S.Paulo. De acordo com o CEO da companhia, Heraldo Marchezini, os testes ajudam a esclarecer as informações necessárias para encontrar uma nova alternativa no tratamento da covid-19 em pacientes internados. A investigação será realizada em 35 centros de pesquisa com 612 pacientes que se encontram hospitalizados e com necessidade de suporte para oxigenação. O objetivo do medicamento, segundo a farmacêutica, é impedir que a doença evolua para um caso mais grave, com necessidade de ventilação mecânica invasiva. O leronlimab age para prevenir uma resposta excessiva do sistema imunológico de pacientes infectados com o novo coronavírus, reduzindo a superprodução de citocinas inflamatórias, também conhecidas como “tempestade de citocinas”.


ESSURE

Brasileiras tentam acordo de 30 milhões de euros por danos atribuídos a contraceptivo

Um grupo de 334 brasileiras tenta um acordo indenizatório extrajudicial de 30 milhões de euros (cerca de R$ 180 milhões) com a farmacêutica multinacional Bayer por danos que teriam sido provocados pelo contraceptivo Essure, um implante permanente tido como alternativa à laqueadura de trompas. O dispositivo foi autorizado em 2009 pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Em 2017, a agência chegou a proibi-lo por questões de documentação e depois o liberou, mas a própria Bayer pediu o cancelamento do registro do produto no mesmo ano. A retirada também ocorreu na Europa e no Canadá e, um ano depois, nos EUA. À Folha de S.Paulo a farmacêutica diz que a segurança do Essure é comprovada por uma série de estudos e que decidiu retirar o produto do mercado por motivos comerciais e de estratégia de negócios. No entanto, o período coincide com uma avalanche de queixas de mulheres em vários países. No Brasil, elas se concentram no Rio de Janeiro, em São Paulo, no Pará, em Tocantins e no Distrito Federal, onde houve implantação do dispositivo no SUS. As reações adversas mais comuns relatadas são dor crônica, fadiga, perda de cabelo, sangramento vaginal e depressão. Porém, não há na literatura médica estudos científicos robustos que expliquem de que forma o dispositivo pode causar esse conjunto de sintomas. O implante é de aço inoxidável revestido por níquel-titânio.


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