NOVEMBRO/DEZEMBRO 2011
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conhecer o mercado de trabalho e o
cenário que se avizinha nos próximos
anos da saúde brasileira.
E em relação às outras entidades
médicas nacionais, CFM e Fenam?
Florentino Cardoso
– Nossa
expectativa é que sejamos parceiros,
que caminhemos em direção aos
nossos interesses comuns que são
muitos. Eventuais divergências fica-
rão somente no campo das ideias,
jamais relacionaremos a pessoas ou
à entidade. E nosso desejo é que isso
ocorra de maneira bastante transpa-
rente, de acordo com a nossa manei-
ra de ser. Se trabalharmos juntos, os
ganhos serão coletivos e isso indivi-
dualmente é bom para todos.
Em sua gestão, como será o rela-
cionamento da AMB com os planos
de saúde? E o que pensa sobre o
cooperativismo médico?
Florentino Cardoso
– Espe-
ramos que seja boa desde que seja
respeitada a autonomia do médico
e asseguradas boa remuneração e
condições de trabalho do médico. No
sistema privado de saúde nós médicos
devemos sentar à mesa com todas as
operadoras e, de uma maneira muito
clara, dizer o que é importante para
os médicos, pois certamente o que
for importante para os médicos, no
sentido de oferecer um bom serviço,
também será para a população brasi-
leira. Quanto ao cooperativismo,
especificamente o sistema Unimed,
foi concebido para dar mercado de
trabalho ao médico e para melhor
remunerá-lo. É necessário que o
sistema cumpra de uma maneira
fiel esse papel. Nós acreditamos no
sistema Unimed e desejamos que
seja cada vez mais um bom lugar de
trabalho para o médico e que remu-
nere de maneira adequada. Porém,
isso não tem acontecido em muitas
das Unimeds espalhadas nesse país, e
estamos dispostos a sentar, discutir e
buscar soluções, porque se o sistema
Unimed é do médico, é preciso valo-
rizar o seu trabalho.
Como serão tratadas as discus-
sões sobre especialidades, áreas de
atuação e revalidação de título de
especialista?
Florentino Cardoso
- Clara, dire-
ta, com as Sociedades envolvidas. É
importante termos consciência de
que o médico formado, que realizou
pós-graduação, tipo residência médi-
ca, estará desatualizado se ele deixar
de estudar e se reciclar. A expectati-
va é de que em apenas cinco anos ele
tenha só a metade do conhecimento
vigente à época. Então, com a educa-
ção médica continuada, liderada pela
revalidação de título de especialista,
certamente nós estaremos protegendo
o bom médico, e a população, por sua
vez, saberá quais médicos continuam
estudando e revalidando o seu título.
Há algumas “bandeiras de luta”
das entidades médicas: regula-
mentação da medicina, CBHPM,
Carreira de Estado, salário míni-
mo profissional, financiamento da
saúde. Como tratará esses pontos?
Florentino Cardoso
– Na regula-
mentação da medicina é importante
salientarmos que não queremos abso-
lutamente tomar espaço das demais
profissões da área da saúde. Preci-
samos apenas definir os parâmetros
da nossa profissão, e o que estamos
querendo é simplesmente regula-
mentar o que fazemos hoje. Concor-
damos que esse trabalho é feito por
uma equipe multidisciplinar, na qual
todos são importantes, mas o médico
precisa ter sua regulamentação esta-
belecida. A CBHPM é o parâmetro
mínimo de remuneração do traba-
lho médico, e vamos cada vez mais
difundir isso para os planos e seguro-
saúde, Sistema Único de Saúde, Siste-
ma Unimed e esperar que todos, de
modo geral, entendam a importância
disso para o bom funcionamento do
sistema de saúde brasileiro. Quanto à
Carreira de Estado, especialmente no
Sistema Único de Saúde, há áreas de
difícil acesso ao médico ou de difícil
provimento. O Estado brasileiro tem
vários municípios com densidade
populacional muito baixa, com
acesso difícil à assistência, e quase
nenhuma infraestrutura. Querer que
o médico se instale nesse município,
com essas condições, certamente vai
deixá-lo muito distante daquilo que
desejamos oferecer à população, que
é um profissional capacitado, atua-
lizado e que dê o melhor para as
pessoas. Sobre o piso salarial, há uma
defasagem muito grande em relação
à remuneração do trabalho médico.
Existe o piso de um salário míni-
mo profissional que foi estabelecido
pelas entidades médicas, capitaneado
pela Fenam, e nós vamos perseguir
a implantação desse salário míni-
mo no Brasil todo. Já em relação ao
financiamento, trata-se de um enor-
me complicador quanto à assistência.
O governo investe no setor público
muito aquém das nossas necessi-
dades, principalmente se compara-
do aos países de primeiro mundo e
também a alguns de nossos vizinhos
da América do Sul. Nosso país é um
país rico, que arrecada muito. Nós
temos a maior carga tributária do
mundo em relação aos países emer-
gentes e o que falta efetivamente é que
haja prioridade para que financiemos
de maneira adequada a saúde públi-
ca brasileira. Vamos tratar disso com
sinceridade, mostrando que pode-
mos evoluir muito e a AMB vai estar
sempre disponível para sentar à mesa
e buscar soluções para os problemas
de saúde do povo brasileiro.
E o associado, o que poderá
esperar dessa nova diretoria?
FlorentinoCardoso
–Muito traba-
lho, muita dedicação, muito esforço,
seriedade, sinceridade, transparência,
cartas à mesa e que, se Deus quiser,
vamos ter uma AMB cada vez mais
forte, cada vez mais representativa para
a classe médica brasileira, esperando
assim trazer inúmeros benefícios para
a comunidade médica nacional.