Parar de fumar reduz o risco de transmissão e/ou infecção pela COVID-19? - AMB

Parar de fumar reduz o risco de transmissão e/ou infecção pela COVID-19?

Sabemos que o tabagismo provoca alterações importantes nos mecanismos de defesa do organismo e, em especial, no trato respiratório, além de mutação no DNA das células. A infecção pelo SARS-CoV-2 tem como um dos principais órgãos de choque os pulmões e sua rica vascularização. Neste triste cenário da pandemia, parar de fumar deveria ser visto como uma importante janela de oportunidade (72–74).

Embora ainda não existam dados avaliando os benefícios da cessação do tabagismo durante a epidemia da COVID-19, as evidências sugerem que parar de fumar por quatro semanas ou mais, melhora o clearance mucociliar e a função imune pulmonar, reduzindo o risco de desenvolver COVID-19 e suas graves complicações, bem como outras infecções pulmonares(75).

A hipóxia decorrente da intoxicação crônica por monóxido de carbono (CO) tende a desaparecer depois das primeiras 8 horas sem fumar(59). Depois de um dia sem fumar, observa-se também a recuperação da disfunção do endotélio vascular e, após duas semanas, ocorre a normalização da agregação plaquetária e do nível de fibrinogênio no sangue, o que por sua vez reduz os riscos de eventos tromboembólicos e cardíacos entre fumantes(71,76). Já outros marcadores hemostáticos e de inflamação decorrentes do tabagismo se reduzem em 50% após um período de 5 a 9 anos de abstinência continuada(77). A função endotelial denota um importante impacto positivo face à cessação do tabagismo(78).

Portanto, parar de fumar é uma importante medida de proteção, que deve ser divulgada aos fumantes, como forma de motivá-los a pararem de fumar, reduzindo as chances de complicações caso o fumante venha a se infectar com o SARS-CoV-2.