Por Comissão de Combate ao Tabagismo da AMB
O Dia Mundial sem Tabaco foi criado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1987, com o intuito de alertar à população sobre as doenças e mortes evitáveis relacionadas ao tabagismo.
A OMS considera o tabagismo como a maior causa evitável de mortes precoces em todo o mundo, representando um dos mais graves problemas de saúde pública dos tempos atuais. É considerado uma doença crônica, devido à dependência da nicotina.
Essa dependência faz com que os tabagistas se exponham de forma contínua a aproximadamente 7.000 componentes químicos, fazendo com que o tabagismo seja fator causal de aproximadamente 50 doenças diferentes, ocasionando 8 milhões de mortes ao ano no mundo.
Em 2022 o tema escolhido pela OMS para a data é “Tabaco: uma ameaça ao meio ambiente”, com o objetivo de alertar sobre os danos ambientais provocados em razão do cultivo, produção, uso e descarte de produtos à base de tabaco. Assim, o consumo de produtos derivados do tabaco não prejudica apenas a saúde das pessoas. Ele — de seu cultivo até o seu descarte — afeta o ar, o solo e a água.
MAS COMO?
Aproximadamente 4,5 trilhões de cigarros são descartados no meio ambiente todos os anos. Pesquisas sobre o comportamento do descarte de lixo descobriram que aproximadamente 65% dos fumantes descartam pontas de cigarro de forma inadequada (por exemplo, em calçadas, praias, etc.).
No mundo, a cada ano, cerca de 3,5 milhões de hectares de terra são utilizados para cultivar tabaco, em especial nos países em desenvolvimento, o que contribui para o desmatamento, perda de biodiversidade, erosão e degradação do solo, poluição das águas e aumento das emissões de dióxido de carbono atmosférico.
O cultivo do produto geralmente envolve o uso substancial de substâncias químicas, incluindo agrotóxicos, fertilizantes e reguladores de crescimento. Estes químicos podem escoar e afetar o solo e as fontes de água potável (contaminando rios e lençóis freáticos), além de causarem danos à saúde dos plantadores de fumo.
Durante o processo de produção, são geradas toneladas de lixo, tanto sólido quanto resíduos químicos (contendo substâncias como a amônia e tolueno). A fabricação e o consumo de cigarros envolvem também o uso de papéis e plástico. Há ainda todo o material utilizado na confecção do produto, além do uso adicional de fósforos e isqueiros para acender os cigarros e outros produtos de tabaco fumígenos.
A OMS divulgou alguns dados que exemplificam o impacto ambiental causado pela indústria do tabaco durante a fabricação de seus produtos: 600.000.000 árvores cortadas; 84.000.000 toneladas de emissões de gás carbônico (CO2) liberadas no ar, elevando as temperaturas globais, além de 22.000.000.000 litros de água usados.
A fumaça do tabaco também pode contribuir para aumentar os níveis de poluição do ar nas cidades. Estudos indicam que ela, que polui ambientes internos e externos, contém três tipos de gases responsáveis pelo efeito estufa — gás carbônico (CO2 ), metano (CH4 ) e óxidos nitrosos (N2O).
As guimbas ou bitucas de cigarros estão entre os resíduos mais descartados em todo o mundo e são o lixo mais comum coletado em praias e margens fluviais. Nelas, há substâncias perigosas identificadas, como arsênio, chumbo, nicotina e formaldeído. Segundo Novotny et al (2015), o principal componente dos resíduos de guimbas, o filtro dos cigarros (produzido com acetato de celulose), não é biodegradável.
Devemos considerar também os resíduos gerados com o descarte das embalagens dos produtos de tabaco, as quais possuem em sua composição papel, tinta, celofane, alumínio e cola, que podem gerar contaminação pelos seus constituintes e mais resíduos no meio ambiente.
Atualmente, há um fator relevante (e ainda pouco estudado) referente ao impacto gerado pelo descarte dos dispositivos eletrônicos para fumar que, por conterem baterias, substâncias químicas, embalagens metálicas e outras, requerem um descarte especial, já que não são biodegradáveis.
Esses produtos contêm metal, circuitos, cartuchos plásticos de uso único, baterias e produtos químicos tóxicos em líquidos eletrônicos. Os resíduos de cigarros eletrônicos são dificilmente biodegradados, mesmo sob condições severas.
Cartuchos de cigarros eletrônicos descartados nas ruas se misturam com lixo e são empurrados por eventos climáticos, acabando por se decompor em microplásticos e produtos químicos, que fluem para os bueiros, poluindo os cursos de água. Os dispositivos eletrônicos para fumar contêm substâncias perigosas como mercúrio e chumbo. As baterias de íons de lítio em dispositivos eletrônicos para fumar explodem e causam incêndios.
Dados internacionais da Truth Initiative apontam que, em 2018, os americanos geraram 2,7 milhões de toneladas de resíduos eletrônicos, incluindo resíduos de cigarros eletrônicos, que acabaram em aterros sanitários ou incineradores.
Todos estes dados mostram a importância do controle do tabagismo para a saúde do planeta. Cada vez mais informações demonstram que parar de fumar qualquer derivado do tabaco, incluindo cigarros eletrônicos não é uma ação isolada e sim a representação de uma melhor qualidade de vida para todos.
REFERÊNCIAS.
DROPE, J. et al. The Tobacco Atlas. Geórgia, Atlanta: 2018. Disponível em: https://pt.tobaccoatlas.org/topic/meio-ambiente/.
NOVOTNY, T. et al. The environmental and health impacts of tobacco agriculture, cigarette manufacture and consumption. Bethesda, Maryland: 2015. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4669730/.
TRUTH INITIATIVE. Tobacco and the environment. Washington, DC: 2021. Disponível em: chromeextension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/viewer.html?pdfurl=https%3A%2F%2Ftruthinitiative .org%2Fsites%2Fdefault%2Ffiles%2Fmedia%2Ffiles%2F2021%2F03%2FTruth_Environment%2520FactSheet%2520Update%25202021_final_030821.pdf&clen=1413082&chunk=true.
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ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. Dia Mundial sem Tabaco – 31 de maio de 2022. Disponível em: https://www.paho.org/pt/campaigns/world-no-tobacco-day-2022.