‘Movimento Nacional Pela Vacinação’ do Ministério da Saúde leva debate à AMB
Encontro foi realizado nesta terça-feira, dia 18/4, na capital paulista com presença da secretária de vigilância em saúde e ambiente do Ministério da Saúde, Ethel Maciel
Foi realizada, nesta terça-feira, reunião do Ministério da Saúde, em parceria com a AMB, reunião pelo ‘Movimento Nacional Pela Vacinação’, em ocasião que reuniu representantes da própria associação e de sociedades de especialidade, entre outros presentes. No evento, o cenário das vacinas no país foi apresentado e discutido largamente e com base em dados do Programa Nacional de Imunizações (PNI). Todas as falas corroboraram para o fortalecimento de interações e apoios para retomada da ampla cobertura vacinal no Brasil.
Participaram da conversa o presidente da AMB, Dr. César Eduardo Fernandes, a secretária de vigilância em saúde e ambiente do Ministério da Saúde, Dra. Ethel Maciel, o diretor do departamento de imunização e doenças imunopreveníveis, Dr. Eder Gatti, o diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia, Dra. Margareth Dalcolmo, presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, Dr. Marcos Antônio Cirilo, o presidente da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia, Dr. Fábio Chigres Kuschnir, o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunização, Dr. Renato Kfouri, o diretor científico da AMB, Dr. José Eduardo Lutaif Dolci e primeiro tesoureiro da instituição, Dr. Akira Ishida.
“Assim que o Ministério da Saúde nos abordou a respeito da reunião, entendemos como nossa obrigação encampar a ideia, visando o fortalecimento da cobertura vacinal, abalada por tentativas de descredibilização nos últimos tempos e que, a partir da redução da cobertura vacinal, pode nos expor a doenças que estavam praticamente erradicadas, como a Poliomielite”, conta o presidente da AMB, Dr. César Eduardo Fernandes.
Destaque para a ilustre presença da Dra. Margareth Dalcolmo, presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, que é embaixadora da campanha de vacinação do Ministério da Saúde e fez pertinentes colocações, chamando a atenção para o crescente número de cidadãos acometidos pela tuberculose, apesar de seu caráter prevenível por meio de vacinação. Ela ainda anunciou a retomada da produção de vacinas BCG no Brasil, pela Fundação Oswaldo Cruz, que deverá entrar em circulação em 2024.
O evento marcou a preocupação do Ministério da Saúde, que para obter pleno êxito na campanha de vacinação atual, entende que é vital a sua aproximação com a AMB e suas sociedades médicas de especialidade.
A partir de dados exibidos pelo Dr. Eder Gatti, a preocupante conjuntura atual das coberturas vacinais em níveis muito baixos foi comentada. Os motivos desse cenário indesejado tomou forma, principalmente, após 2016 – inicialmente por questões de falhas em registros e problemas de estoque – e que se intensificaram com a instalação de uma ‘hesitação vacinal’, termo que, segundo o Dr. César Eduardo Fernandes, não era conhecido até alguns poucos anos atrás.
“Nós, da comunidade médica, não podemos nos basear em paixões ideológicas ou políticas, algo que infelizmente contaminou as discussões científicas nos últimos anos. Nos cabe, enquanto profissionais, lutar pelo bem estar da população junto às autoridades constituídas, sempre na busca do aprimoramento das políticas de saúde no país”, comenta o presidente da AMB.
A pandemia da Covid-19, que marcou toda a população mundial, acabou sendo o ambiente ideal para a ação de negacionistas e grupos anti-vacina, que adentraram os mais diversos círculos sociais. A Dra. Ethel Maciel, invocando o período mais agudo da pandemia da COVID-19, fez questão de lembrar o papel da AMB enquanto ‘farol da comunidade científica’. Ethel ainda reforça que, “é necessário agirmos pela integração, para assim recuperarmos, na totalidade, a credibilidade do maior e mais completo programa de imunização do mundo, que é o brasileiro”.
Quanto ao movimento negacionista, fortalecido na pandemia, o Dr. Renato Kfouri, pediatra, aprofundou a análise sobre a penetração das fake News ao meio médico “os pais de crianças que deveriam ser vacinadas acabaram por fornecer, sem que tivessem noção do mal que estavam causando, o terreno mais fértil para a penetração de notícias falsas sobre as vacinas contra a Covid, na intenção equivocada de proteger seus filhos”. Noutra fala ele comenta sobre o efeito deste movimento para outras vacinas: “Isso respingou no tratamento de doenças como, por exemplo, sarampo, poliomielite, entre outras”. Neste aspecto, o presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Alberto Chebabo, chamou a atenção para a situação da vacina do HPV, doença que, segundo ele, é responsável por mais de 90% dos casos de câncer de colo de útero.
Providências sobre a situação já estão em andamento, por parte do departamento de imunização e doenças imunopreveníveis do Ministério da Saúde, de acordo com o Dr. Eder Gatti. “Temos feito um grande investimento em comunicação e nos sistemas de informação do Programa Nacional de Vacinação. A partir do momento que tivermos uma organização de gestão do Programa Nacional de Imunização e a regularização dos estoques, viabilizaremos uma ação de multivacinação, quando convocaremos o público menor de 15 anos para verificação de suas cadernetas de saúde e posterior cobertura das vacinas faltantes”.
“Esse encontro nos deixa ainda mais fortalecidos para o engajamento de corpo e alma neste grande desafio, que é gerar aumento na cobertura vacinal. A AMB vai trabalhar fortemente, de forma organizada e articulada na colaboração para a retomada de índices vacinais mais prósperos”, finaliza Dr. César na despedida do evento.