Simers, AMB e entidades coirmãs debatem futuro da educação médica brasileira - AMB

Simers, AMB e entidades coirmãs debatem futuro da educação médica brasileira

Da esquerda para a direita: Fernando Uberti, deputado Thiago Duarte, Marcos Rovinski, senador Hiran Gonçalves e César Eduardo Fernandes

O Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) promoveu em 28 de agosto, o encontro temático “O que queremos para a Educação Médica no Brasil?”. Ocorreu, em Porto Alegre, com a presença do presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), César Eduardo Fernandes, do Simers, Marcos Rovinski, do diretor-geral Fernando Uberti, além do presidente da Federação Médica Brasileira (FMB), Tadeu Calheiros, da Conselheira Federal de Medicina pelo RS, Tatiana Della Giustina, do senador e presidente da Frente Parlamentar da Medicina, Hiran Gonçalves, de parlamentares federais e estaduais, e representantes de conglomerados educacionais.

“O foco do debate proposto pelo Simers está na qualidade do ensino e no que a proliferação de Escolas Médicas podem causar como dano à assistência em saúde da população. O objetivo era sairmos hoje com estratégias claras sobre o que faremos como entidades médicas para uma formação consistente aos nossos alunos, e que assegure saúde de qualidade e segurança aos pacientes”, disse Rovinski.
Na visão da AMB, “o Brasil carece de uma forma eficaz de análise profunda da formação em Medicina. O país precisa, urgentemente, modificar essa cultura. Faz-se necessária a criação de instrumentos precisos de avaliação dos médicos, assim evitando a formação de profissionais sem a qualidade necessária”, asseverou César Fernandes.


O diretor-geral e coordenador do Núcleo de Pautas Nacionais do Simers, Fernando Uberti, enfatizou a necessidade de que o evento, complementarmente ao diagnóstico quanto ao cenário da educação médica no país, apresentasse ações concretas e consensuais entre as entidades médicas, a serem desenvolvidas de forma articulada nos próximos anos.

Conforme dados divulgados na última Demografia Médica Brasileira, o Brasil possui uma distribuição de profissionais com nível de 2,6 médicos por 1000 habitantes, índice de países desenvolvidos, tais como EUA e da Europa/Ásia.

A FMB também questiona a falta de valorização da profissão, e vê com espanto a curva ascendente de novas vagas para Medicina.
Aliás, o aumento exponencial de novas vagas de graduação em Medicina, conforme estudo da Associação Nacional de Universidades Privadas (ANUP), gerou um cenário de profunda desorganização do sistema de ensino médico, tendo como um dos componentes judicialização crescente para abertura de cursos de Medicina.

Após as exposições e período de debates entre os presentes, foram encaminhadas propostas concretas de atuação articulada entre as entidades médicas nacionais, na temática do ensino médico. Entre elas, a instituição de um exame seriado, aplicado a egressos de Medicina, com aspecto punitivo incidindo sobre formandos e sobre instituições formadoras, caso desempenho insuficiente.
Outro encaminhamento foi a confecção de projetos de lei municipais para pagamento de bolsa preceptoria a médicos preceptores, assim como experiência exitosa de alguns municípios brasileiros, no sentido da qualificação do vínculo de preceptoria. Por fim, a elaboração de uma política nacional de valorização do docente e do preceptor em cursos de Medicina e Programas de Residência Médica, assim como a garantia de valorização contínua da bolsa de residência, com reajustes periódicos e balizados por índices referenciais.
Nos próximos dias, um documento com esses encaminhamentos deve ser formalizado e divulgado pelas entidades representadas no evento, já planejando-se um novo encontro, em Brasília, em cerca de 90 dias, para avaliação da evolução dessas propostas.