Medicação injetável para controle do colesterol será tema do Congresso de Cardiologia, em Curitiba - AMB

Medicação injetável para controle do colesterol será tema do Congresso de Cardiologia, em Curitiba

Evento que começa na próxima sexta, dia 18, reunirá os mais importantes cardiologistas do país e do mundo na capital paranaense

          O 70° Congresso Brasileiro de Cardiologia, que começa na próxima sexta, dia 18, em Curitiba, será a oportunidade para a discussão sobre uma nova terapia para tratamento do colesterol alto, queixa de muitos pacientes. Trata-se de uma injeção de anticorpos monoclonais, terapia hoje já usada por muitos pacientes com problemas inflamatórios e oncológicos, cuja liberação já foi pedida para a Anvisa. O medicamento baixa o nível de colesterol e estará indicado para aqueles pacientes onde só a terapia com os comprimidos (estatinas) não é suficiente.

O tema será discutido no próprio dia 18, num simpósio do Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia – SBC, organizadora do congresso. O evento é muito aguardado pelos 6.000 especialistas brasileiros que estarão presentes, além de vários dos mais destacados cardiologistas internacionais, especialmente convidados.

Para o presidente do Departamento de Aterosclerose da SBC, José Rocha Faria Neto, a novidade é muito auspiciosa, mas a medicação tem indicação específica, não deve ser usada por qualquer pessoa que precise baixar o colesterol e, inicialmente, deverá será cara.

O especialista explica que a indicação é para os pacientes que não suportam as estatinas, medicação tradicional, mas que pode ter como efeito colateral dores musculares intensas. Também é indicada para quem, mesmo tomando estatina, não logra baixar suficientemente o colesterol, precisando um segundo medicamento. A terceira indicação é para a hipercolesterolemia familiar, que ocorre em famílias nas quais, por problemas genéticos, várias pessoas tem colesterol elevado, fenômeno presente também nas crianças e que exige cuidados.

Há duas semanas na Europa

Ainda segundo Rocha Faria, os anticorpos monoclonais anti-PCSK9 são conhecidos há algum tempo, mas só recentemente as pesquisas demonstraram sua eficácia, o que levou Estados Unidos e Europa a liberarem o medicamento. Na Europa a comercialização foi iniciada há poucas semanas.

“No Brasil, dois laboratórios, Sanofi e Amgen entraram com pedidos junto à Anvisa para comercializarem o produto”, explica o cardiologista, e ele deve ser ministrado a cada duas semanas, por uma injeção subcutânea.

350 mil mortes anuais

         O interesse dos cardiologistas pela medicação de controle do colesterol é grande, porque o coração é a maior causa de morte no Brasil, respondendo por 350 mil óbitos anuais, muitos evitáveis, lembra o presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Angelo de Paola.

O motivo é que os fatores de risco para o coração são fartamente conhecidos, mas ainda insuficientemente combatidos. São eles a obesidade,  tabagismo, hipertensão arterial, sedentarismo e a taxa de colesterol elevada, que leva ao estreitamento e bloqueio das artérias coronárias, o que caracteriza o infarto.

O problema, diz Rocha Faria, é que ainda há poucos dias vários meios de comunicação deram abrigo a informações falsas, que dão a entender que não seria tão importante controlar o colesterol, o que não é verdade.

Grave também é o modismo de usar ‘óleo de coco’ como gordura saudável, quando o coco é rico em gorduras saturadas, que no organismo vão produzir colesterol. As gorduras recomendadas e que com evidências científicas comprovam ser úteis são o azeite de oliva e óleo de canola.

O especialista conclui reafirmando que não há dúvidas sobre o papel do colesterol sanguíneo como fator de risco independente para doenças cardiovasculares, fato comprovado por estudos experimentais, epidemiológicos, genéticos e de intervenção. O adequado controle do colesterol é recomendado por diretrizes nacionais e internacionais de sociedades médicas, como a SBC, de nutrição, órgãos governamentais e a Organização Mundial da Saúde.

Os anticorpos monoclonais que combatem o colesterol representam mais uma arma e importante, para que a Medicina possa reduzir o número de brasileiros que morrem a cada ano em decorrência do infarto.

SERVIÇO:

70º Congresso Brasileiro de Cardiologia e Museu do Coração

Local: Expotrade Convention Center
Endereço: Rodovia Deputado João Leopoldo Jacomel, nº 10.454 – Vila Amélia Pinhais/PR

Datas: 18 a 21 de setembro de 2015

Informações: http://congresso.cardiol.br/70/