NK Consultores – A Câmara dos Deputados realizou, na quarta-feira (13), sessão solene em Homenagem ao Dia Mundial do Rim. O evento foi solicitado e presidido pelo deputado Vinícius Coelho (Republicanos-SP).

Inicialmente, o deputado Vinícius Coelho (Republicanos-SP) enfatizou a luta pela detecção precoce da doença renal e o direito ao acesso da hemodiálise, e agradeceu ao apoio de parlamentares para a criação da Frente Parlamentar da Nefrologia. Segundo o deputado, a doença renal é um grave problema de saúde pública no Brasil, onde atualmente, mais de 44 mil pacientes realizam hemodiálise ou dialise peritoneal no país. Ao citar o caso de sua falecida mãe, que foi paciente renal crônica por 17 anos, o parlamentar afirmou que sua causa não é política, e sim ideológica.

Vinicius relatou que a Frente Parlamentar de Nefrologia recebeu denúncias de lugares no país onde os pacientes são submetidos a 6 horas de tratamento semanal, sendo que os profissionais preconizam o mínimo de 12 horas durante o período. O deputado definiu que é um crime o que estão fazendo com esses pacientes ao redor do Brasil. Também citou a carência de clínicas especializadas, a defasagem de valores repassados pelo SUS e a necessidade do diagnóstico precoce. O parlamentar indagou o Ministério da Saúde acerca da inclusão da obrigatoriedade da realização de exames de detecção em seu protocolo de saúde pública.

Ao final de sua fala, o deputado argumentou que o trabalho de conscientização sobre hábitos que favorecem a saúde renal deve ser permanente, tanto na atenção primaria a saúde, como em campanhas educativas. Também ressaltou o ato da doação de rins como primordial para a salvação de vidas, e se colocou à disposição para continuar na luta pela causa. 

Associação Nacional de Pacientes Renais e Transplantados do Brasil

Maria de Lourdes Alves, presidente da Associação Nacional de Pacientes Renais e Transplantados do Brasil, citou que a doença renal crônica tem aumentado assustadoramente no pais, porém, apenas 7% dos municípios nacionais possuem clínicas pelo SUS. Ressaltou a necessidade de promover campanhas de prevenção, principalmente para os grupos de risco, que devem ter acompanhamento com exame de urina e creatinina. Maria também argumentou que é na Atenção Primária, com o diagnóstico precoce, que o processo deve ser iniciado, e ressaltou a importância do rápido encaminhamento ao nefrologista, para que não se perca tempo. 

Ao final de sua fala, enfatizou a necessidade da criação de políticas públicas e programas de saúde voltados para a patologia renal, além de conscientizar a sociedade da gravidade da doença e promover campanhas permanentes de doação de órgãos. 

Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN)

Patrícia Ferreira de Abreu, médica e diretora da Sociedade Brasileira de Nefrologia, iniciou sua fala dizendo que o cuidado com os rins precisa ser diário. Citou a importância da prevenção e prática de hábitos saudáveis, como não fumar, beber com moderação, fazer exercícios e combater o sedentarismo. Segundo Patrícia, as duas principais causas de doença renal crônica são a pressão arterial descontrolada e a diabetes descontrolada. Também ressaltou em sua fala a importância da disponibilidade do exame de creatinina e exame de urina, e do acesso ao tratamento, que engloba medicações, testes, inovações, tratamentos revolucionários, incorporações de tecnologias e novos diagnósticos. 

Ao final de sua fala, argumentou positivamente acerca do medicamento gliflozina, que já é prescrito para diabéticos de mais de 65 anos, e que existem evidências na literatura médica que essa nova classe de drogas melhora a sobrevida, a diminuição de hospitalização e a diminuição de mortalidade de renais crônicos mesmo sem serem portadores de diabetes. 

Posteriormente, Pedro Túlio Rocha, médico e diretor de políticas associativas da SBN, abordou acerca da nefrologia no Brasil. Em sua fala, ressaltou que embora a nefrologia seja uma das principais especialidades do país, grande parte da população não tem conhecimento sobre seu campo de atuação, que é responsável pelo diagnóstico e acompanhamento de doenças renais. Pedro destacou que, em centros de transplante em todo o Brasil, são realizados mais de 6 mil transplantes renais por ano, sendo o maior programa dessa prática em todo mundo. Ao final de sua fala, julgou como inegável o relevante papel dos nefrologistas para a sociedade brasileira, que necessita de valorização.

Em seguida, José Moura Neto, presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia, iniciou sua fala abordando a atuação da SBN no Dia Mundial do Rim e argumentou que, nesta data, todos os holofotes são direcionados para conscientização da doença renal crônica e que se trata de um momento para alertar a população, os gestores públicos e profissionais de saúde para a importância da prevenção e diagnóstico da doença através de exames básicos que podem indicar a doença em estágio inicial. 

José Moura Neto enfatizou a importância da Frente Parlamentar de Nefrologia e citou demandas atuais que precisam ser trabalhadas, como a crise do setor da diálise, que é causada por subfinanciamento de longa data, gerando desassistência e colocando milhares de pessoas em risco de morte. Ao final de sua fala, ressaltou a necessidade de restabelecer o equilíbrio econômico dos centros de nefrologia e reajustar a terapia renal substitutiva no SUS. Também abordou a importância em estabelecer uma linha de cuidado integral ao paciente de doença renal crônica no SUS, e realizar regulamentação da assistência nefrológica hospitalar, além de incentivar a dialise peritoneal e resolver a crise humanitária da dialise. 

Ciro Costa, vice presidente da SBN, abordou a assistência nefrológica hospitalar, que carece de atenção, regulamentação e controle. Segundo Ciro a assistência em questão precisa ser discutida, pois existem falhas de diagnósticos, de medidas de prevenção, e no manejo e tratamento. A SBN se coloca à disposição para os órgãos governamentais competentes para construir um documento que norteia a formulação de uma política nacional e institui uma linha de cuidados de assistência nefrológica hospitalar. 

Ministério da Saúde

Danilo Campos da Luz, Coordenador-Geral de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, iniciou sua fala dizendo ser necessário reconhecer as dificuldades e saber que elas precisam ser enfrentadas. Segundo Danilo, o Ministério da Saúde tem colocado a doença renal crônica como prioridade para a Secretaria de Atenção Especializada, no sentido de revisar a política e melhorar o que precisa ser revisado. Ressaltou a necessidade e importância de trabalhar a detecção precoce e o manejo na atenção primária.

Abordou que o trabalho atual do Ministério vem sendo de reconhecer elementos para que se tenham indicadores que induzam o financiamento das equipes de atenção primária a saúde. Informou que está para ser lançado o novo Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas com estratégias para atenuar a progressão da doença renal crônica. A ideia é que se tenham protocolos e diretrizes claras para que o exame de creatinina, a detecção, o manejo e o diagnóstico possam dar maior qualidade de vida aos pacientes.

Também ressaltou a necessidade de reajuste e defendeu um diálogo aberto com o Congresso Nacional, que ajuda a definir questões orçamentarias. Ao final de sua fala, abordou a necessidade de se expandir e qualificar o acesso a dialise peritoneal. 

Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante

Leonardo Barberes, nefrologista e presidente da Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante, citou a necessidade em falar de prevenção e afirmou que o Ministério precisa entender as associações como parte disso. Afirmou que, enquanto não existir uma política séria voltada para prevenção da doença renal, todos os anos estarão retornando ao espaço e discutindo as mesmas coisas e no mesmo modelo, sem eficácia. 

RenalCast

Arthur Neto, transplantado e criador e apresentado do Canal RenalCast, ressaltou a importância da detecção precoce, e afirmou que juntos podem fazer a diferença na vida de milhões de pessoas, e se mostrou comprometido, junto com o RenalCast em lutar pela saúde renal. Arthur entregou um termo de compromisso em defesa dos pacientes renais para o deputado Vinícius Coelho (Republicanos-SP).

Parlamentar

Por fim, o deputado Vinícius Coelho (Republicanos-SP) enfatizou a necessidade de ser um elo e uma voz para aqueles que muitas vezes são “invisíveis”. O parlamentar afirmou que uma pessoa que mora nos grandes centros não consegue entender o que é percorrer entre 400 km para poder realizar tratamento. Ao final, agradeceu a presença dos participantes e destacou que ainda podem avançar muito mais pela causa.