Brasília, urgente

Clínicas privadas ameaçam reduzir serviços de diálise no SUS e cobram mais verba

O valor pago pelo SUS é insuficiente para custear a hemodiálise de 112 mil pacientes da rede pública que, são atendidos em clínicas privadas, destacou matéria do Estado de S. Paulo. Hoje, unidades particulares já falam em fechar ou reduzir vagas se não houver reajuste neste repasse, segundo gestores de clínicas entrevistados pelo Estadão. O setor pressiona o poder público por um adicional de até 47% aos R$ 218 remunerados hoje pela sessão do tratamento, valor que é integralmente custeado pelo Ministério da Saúde na maioria das unidades da federação.

Pelo menos três Estados – Rio de Janeiro, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul – ainda complementam o valor demandado pelas clínicas. No Distrito Federal, unidades médicas têm solicitado redução de até 25% na quantidade de atendimentos à rede pública. Já a Sociedade Gaúcha de Nefrologia enviou carta ao governo estadual relatando que as clínicas não terão “condições básicas” de atender novos pacientes ou fazer consultas a partir de outubro. A maior rede de diálise do Brasil, a DaVita, com 91 unidades em 15 Estados, também ameaça abandonar o SUS e exige do poder público a sinalização de reajuste até o mês que vem – a multinacional atende a cerca de 14 mil pacientes do SUS, cerca de 10% dos pacientes em diálise no País. São Paulo, Distrito Federal e Rio Grande do Sul encaram a maior defasagem em relação à tabela paga pelo Ministério da Saúde, entre 44% e 47%, conforme a Associação Brasileira de Clínicas de Diálise e Transplantes (ABCDT).

As diálises são terapias que substituem as funções de um rim deficitário e cerca de 112 mil pacientes do SUS com doenças renais crônicas dependem de clínicas particulares para o tratamento, diz a ABCDT, que culpa a inflação, o dólar e o alto preço dos insumos, em sua maioria importados, pela asfixia do setor. A iniciativa privada gere dois terços dos 1.325 estabelecimentos que prestam o serviço à rede pública do País, conforme dados coletados pela reportagem no DataSus, do Ministério da Saúde. 


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