Brasília, urgente

Com psicoterapia, oficinas e atividades comunitárias, centros são contraponto a hospitais psiquiátricos

NK Consultores – A aposentada Francisca de Lima, de 52 anos, participa, toda terça-feira, de uma terapia em grupo. Às quartas, ajuda a cuidar de uma horta comunitária. Enquanto às sextas-feiras ela realiza uma oficina terapêutica com sua família. Essa rotina é desenvolvida no Centro de Atenção Psicossocial (Caps) Flor de Lótus, em Brasília, onde esteve pela primeira vez há dez anos, durante um surto causado pelo abuso de álcool, destacou reportagem do jornal O Globo. A unidade integra a Rede de Atenção Psicossocial (Raps), criada para atuar no tratamento de dependentes químicos. Embora existam há mais de três décadas, os Caps ganharam prioridade na nova gestão da Saúde como alternativa às comunidades terapêuticas e hospitais psiquiátricos, que preveem a retirada do paciente do seu cotidiano e isolamento, abordagens que vão contra preceitos da reforma psiquiátrica do início do século. Desde janeiro, foram inauguradas 27 novas unidades. Na semana passada, o Ministério da Saúde anunciou a ampliação do orçamento para a rede com investimento de mais de R$ 200 milhões em 2023. Ao todo, o recurso destinado para todos os estados e o Distrito Federal será de R$ 414 milhões no período de um ano, incremento de 27% em relação ao ano anterior. O Caps que atende a aposentada acolhe usuários de álcool e drogas acima de 16 anos. Segundo Adriana Câmara, gerente do Flor de Lótus, o tratamento segue a lógica de que ninguém está preso ali. Os Caps oferecem uma gama de atividades, que vão de psicoterapia, oficinas terapêuticas, atividades comunitárias e artísticas, orientação e acompanhamento do uso de medicação, além de atendimento domiciliar aos familiares. Hoje, o Brasil conta com 2.795 centros desse tipo, com unidades específicas voltadas apenas para crianças e adolescentes— os chamados Caps i — ou para pessoas com sofrimento mental grave e persistente — Caps AD. Para a presidente da Associação Brasileira de Saúde Mental (Abrasme), Ana Paula Guljor, a vantagem dos Caps em relação a hospitais psiquiátricos é a forma humanizada. — Há uma construção coletiva da forma de cuidado e um tratamento que considera o sujeito não apenas como quem possui sofrimento psíquicos, mas como alguém que tem diversas outras necessidades, como de inclusão e de vínculos — afirma. Para acessar a matéria completa, clique aqui.


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