Brasília, urgente

‘Fuga de jalecos’: a onda de profissionais da saúde que trocam Brasil pelos EUA

A enfermeira Thaysa Guimarães, 32, relata que já chegou a emendar sete plantões, ou mais de 96 horas de jornada seguidas, em seu trabalho em uma unidade de saúde pública em Goiás. Mãe solteira de três filhos, ela concilia o emprego em uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) na cidade de Anápolis com plantões algumas vezes por mês em um hospital universitário em Uberlândia, Minas Gerais.

Por isso, assim que ficou sabendo que colegas de profissão estavam imigrando para os Estados Unidos com ofertas de salário atrativas em dólar, além de jornadas consideravelmente menores do que no Brasil, Thaysa se interessou imediatamente, destacou a Folha de S. Paulo em reportagem. Após alguma pesquisa, descobriu que existe um mercado aberto nos EUA para trabalhadores da área da saúde dispostos a revalidar seus diplomas emitidos no exterior —e decidiu seguir o mesmo caminho.

Segundo especialistas em imigração e profissionais ouvidos pela BBC News Brasil, uma grande oferta de vagas em hospitais e consultórios, somadas a salários atrativos, estão motivando uma onda recente de imigração de profissionais qualificados da área da saúde para terras norte-americanas. Um estudo do American Immigration Council mostra que o setor de saúde é o que mais tem participação de imigrantes na força de trabalho, com 15,6%. Na média nacional, os estrangeiros representam 13,7% da população. E parte dessa força está vindo do Brasil.

Um levantamento realizado pelo escritório de advocacia AG Immigration com dados do Departamento de Segurança Interna dos EUA mostrou que a quantidade de brasileiros que se tornaram cidadãos americanos bateu recorde no ano fiscal de 2021: foram 12.281, um total 47,5% superior ao de 2020. As emissões de green cards, como são chamados os vistos de residência permanente que garantem o direito de morar e trabalhar nos EUA, também aumentaram e atingiram o seu segundo maior patamar da história, com 17.952 novas expedições para brasileiros.

Em 2020, 44% dos brasileiros que receberam green cards no país obtiveram o documento por meio de contratos de trabalho. Para Rodrigo Costa, CEO da AG Immigration, os dados são sintoma de uma nova onda de ’fuga de cérebros e profissionais qualificados’ para os EUA. ’Temos visto um casamento entre um mercado extremamente carente de profissionais e uma imigração brasileira cada vez mais capacitada’, diz.


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