NK Consultores – Na Faria Lima, o Ozempic (medicamento injetável para combater diabete tipo 2) tornou-se um dos principais assuntos de executivos, sobretudo após o momento mais crítico da pandemia, quando as pessoas tiveram de voltar aos escritórios, destacou matéria do Valor Econômico. Uma das principais marcas globais da dinamarquesa Novo Nordisk, o remédio, conhecido como canetinha azul, é consumido também por pessoas que querem emagrecer, embora a prescrição médica não seja essa. O uso “off-label” (fora da recomendação da bula) deste tipo de medicamento tem sido indicado pela classe médica em todo mundo porque um efeitos colaterais da semaglutida (ingrediente do Ozempic) é a perda de apetite. “Para falar de diabetes, temos de falar também de obesidade numa discussão maior. Cerca de 80% das pessoas com diabetes 2 têm problema de obesidade. O tema tem de ser tratado como doença crônica grave, não apenas como sobrepeso. É uma questão de saúde”, afirma Lars Jørgensen, presidente global da farmacêutica, em entrevista exclusiva ao Valor. A Novo Nordisk vem registrando números históricos. No início do mês, a empresa se tornou a mais valiosa da Europa ao ultrapassar o conglomerado de luxo LVMH (dona da Louis Vuitton). Ontem, a farmacêutica fechou avaliada em US$ 431 bilhões, enquanto a gigante do luxo encerrou a US$ 408,9 bilhões. O PIB da Dinamarca, sede da companhia, é estimado em US$ 395 bilhões. “A nossa categoria de produtos ajuda a reduzir a glicose de um jeito responsável. E é muito interessante descobrir que seus efeitos colaterais colaboram para a perda de peso e também podem reduzir os riscos de doenças cardiovasculares, que são muito letais. Portanto, é uma categoria muito atraente para se estar [em atuação no mercado farmacêutico]”, comenta o executivo global da companhia farmacêutica. No Brasil, a Novo Nordisk tem em Montes Claros (Minas Gerais) uma das maiores fábricas de insulina (que combate a diabete tipo 1) do grupo – a unidade só está atrás da China em capacidade de produção. Boa parte da produção de insulina da companhia é negociada com o governo (União, Estados e prefeituras). A principal receita da companhia no país não vem da insulina, mas sim do Ozempic, que nem é produzido no país. A receita da empresa para o mercado privado fechou em R$ 3,7 bilhões, com o Ozempic e outros medicamentos à base de semaglutida da farmacêutica, como principais representantes, um crescimento de 52% sobre o ano anterior. A companhia não abre os dados de venda para o governo, que incluem a insulina e um recombinante para hemofilia. A patente do semaglutida no Brasil expira em 2026 – a empresa pede na Justiça a restituição do tempo entre o prazo que o produto foi registrado no Brasil e concedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), uma diferença de cerca de sete anos para o Ozempic, por exemplo. Em abril deste ano, a Justiça não acatou o pedido da empresa, que está recorrendo. Para a indústria de genéricos, a queda da patente da semaglutida, contudo. se traduzirá em mais receitas e já há uma disputa entre os maiores fabricantes nacionais sobre quem deve liderar a produção da cópia do medicamento. Para acessar a matéria completa, clique aqui.