Brasília, urgente

Pacientes com doenças intestinais relatam falta de remédios de alto custo do SUS

Um levantamento inédito da USP revela que 83% dos pacientes com doenças inflamatórias intestinais (DIIs) atendidos no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto tiveram dificuldades em conseguir acesso aos medicamentos de alto custo pelo SUS, informou a Folha de S. Paulo. Maio é o mês de conscientização sobre a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa, enfermidades autoimunes que promovem inflamação no trato gastrointestinal.

A falta do infliximabe, medicamento utilizado em casos graves de DIIs, é relatada pelo menos desde setembro de 2021 na cidade de Ribeirão Preto, no interior paulista. Segundo uma paciente da região, a medicação tem faltado com frequência. Ela diz já ter recorrido ao Ministério Público e à Defensoria Pública para tentar resolver o problema. De acordo com o médico Rogerio Serafim Parra, responsável pelo ambulatório de DIIs do hospital, o paciente com doença leve que fica sem os medicamentos pode voltar a ter alguns sintomas, mas os pacientes graves sem a medicação podem precisar ser internados. Na última semana, dois pacientes que estão sem o infliximabe foram hospitalizados em Ribeirão Preto.

O atraso na entrega também foi relatado por pacientes em pelo menos duas outras cidades do estado: Guarulhos e Sorocaba. Segundo a Coordenadoria de Assistência Farmacêutica da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, a aquisição e a distribuição do infliximabe são de responsabilidade do Ministério da Saúde. Ainda de acordo com o órgão, as farmácias de alto custo do Estado já receberam o produto, mas ’desde o ano passado, os medicamentos de responsabilidade federal têm sido abastecidos com atrasos e entregas parciais’.

A falta do medicamento não se restringe a São Paulo. Segundo o médico Nestor Barbosa de Andrade, supervisor do ambulatório especializado de doenças inflamatórias intestinais do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia, em Minas Gerais, os pacientes do estado podem demorar até dois meses para começar a receber as medicações.


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