Depois de dois anos em que toda as atenções estiveram voltadas para a vacina contra a covid-19, especialistas fazem novo alerta para a queda da cobertura vacinal contra algumas doenças que já estavam erradicadas, entre elas a poliomielite, destacou matéria do Valor Econômico.
O risco, apontam especialistas, é de um ressurgimento das contaminações. O Brasil começou a registrar uma queda na imunização de algumas doenças em 2016, movimento que foi acelerado com a pandemia. Dados preliminares do Ministério da Saúde mostram que no ano passado essa queda aprofundou-se. “As coberturas vacinais contra todas as doenças estão muito abaixo [do que costumavam ser].
Estamos em patamares semelhantes aos de 1987”, diz Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), ao citar as vacinas BCG (contra tuberculose), contra sarampo, poliomielite, difteria, tétano, coqueluche, varicela, meningite meningocócica. “A cobertura vacinal vem caindo nos últimos anos, 2020 e 2021 foram anos ruins. E 2022 pode ser ainda pior.” Isabella atribui a queda a dois fatores. O primeiro é a memória distante – ou inexistente – de doenças que já haviam sido erradicadas, como a pólio, e que correm o risco de voltar com a queda da vacinação.
A segunda é a propaganda. “Temos ascensão da vacinação até o fim dos anos 1990, período que coincide com empatia grande na comunicação do PNI à população. Vacinar era motivo de festa. As campanhas tinham um astral positivo”, diz. Isso mudou, e hoje há campanhas pontuais, acrescenta ela. Soma-se a isso o medo de sair e se expor durante a pandemia, que fez muitos evitarem postos e serviços de saúde em geral. “Tudo isso fez coberturas vacinais na pandemia terem queda muito grande no mundo, na América Latina e no Brasil”, diz.