Brasília, urgente

Número de estudantes de medicina sobe, mas formação de especialistas não acompanha

NK Consultores – O número de alunos de medicina no Brasil cresceu, mas o total de médicos formados em residência para obter título de especialistas não aumentou na mesma proporção, destacou reportagem da Folha de S. Paulo. Enquanto a taxa da graduação atingiu a marca 1,05 estudante para cada mil habitantes, a de residentes médicos ficou em apenas 0,21 por mil, um índice que deve diminuir o impacto da política da expansão de vagas para a área, sobretudo no atendimento ao sistema público de saúde. O alerta é do Radar da Demografia Médica no Brasil, elaborado por pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) em parceria com a AMB (Associação Médica Brasileira) e atualizado neste mês com os novos dados do Censo Nacional da Educação. Segundo os autores, em 2022, o Brasil dispunha de 321.581 médicos especialistas, o que corresponde a apenas 62,5% dos profissionais em atividade no país, sendo todos os demais, 192.634 médicos (37,5%), generalistas. No ano passado, quase 1 milhão de pessoas (952.865) tentaram ingressar nas graduações nacionais e o país registrou recorde de 245.501 estudantes do curso, alta de 25,2% em relação aos 167.788 alunos de 2018. O relatório aponta que, de 2015 a 2023, a oferta de residência médica no Brasil mais que dobrou. Olhando para os últimos cinco anos, porém, quase nada foi feito para acompanhar o aumento do número de médicos graduados. Entre 2018 e 2022, o total de residentes aumentou apenas 8,7%, passando de 41.274 para 44.857 no mesmo período. Outro problema é que a oferta continua concentrada: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul têm juntos mais de 60% das vagas de residência médica. Mário Scheffer, professor do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP e coordenador do levantamento, diz que as filas no SUS (Sistema Único de Saúde) têm relação direta com a falta de especialistas. A residência é, segundo Scheffer, a principal forma de obter a titulação de especialista ao lado de cursos oferecidos pelas sociedades médicas. As vagas para residentes e de planos de carreira no sistema público, porém, seguem desigualmente distribuídos pelas regiões, concentrados sobretudo em capitais e zonas metropolitanas, sendo os especialistas, ao final, absorvidos principalmente pelo sistema privado. O mapeamento tomou por base registros da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Conselho Federal de Medicina (CFM) e, neste mês, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Nos próximos anos, o estudo indica um país com uma oferta de médicos mais jovens e feminina e recordes na densidade de profissionais formados até 2035, quando o país deve saltar dos atuais 2,7 médicos para cada mil habitantes para índices acima de 4,4 médicos para cada mil. Para acessar a matéria completa, clique aqui


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