Logo no início da pandemia, um dos primeiros baques para o combate à Covid-19 no Brasil foi a constatação de que o país não estava em posição privilegiada na cadeia global de suprimentos em saúde. No desenvolvimento de tecnologias, a indústria brasileira seria incapaz de competir pelo pioneirismo, destacou matéria do site Jota.
Para parte do setor, esse choque de realidade deveria, a partir de agora, surtir efeitos para que se invista em reposicionar esse ramo da indústria no Brasil — inclusive como parte de uma estratégia de desenvolvimento econômico. “Temos uma grande preocupação de que o país volte a ter uma política industrial para a saúde efetivamente funcional. É necessário para o próprio país ter uma indústria mais significativa nesse setor e isso representa a oportunidade de o Brasil se incorporar às novas redes globais de produção, abastecimento e distribuição na área de saúde”, afirma Fernando Silveira Filho, presidente executivo para Associação Brasileira da Indústria de Tecnologia para Saúde (Abimed).
Para que isso aconteça, seria preciso, na perspectiva dele, que existisse uma política industrial voltada para o setor da saúde. “Temos ainda outro desafio que é buscar um melhor entendimento sobre como fazer a incorporação de tecnologias de saúde, porque a modelagem existente hoje é muito voltada para medicamentos. Isso é necessário para que as incorporações de dispositivos médicos se deem de maneira adequada e em um espaço de tempo que não gere atraso tecnológico para o país”, apontou Fernando.
Diferentemente dos medicamentos – que, além de aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), dependem de precificação da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) e só então são incorporados por recomendação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do SUS (Conitec) –, os dispositivos médicos não passam por todas essas etapas para chegar ao sistema público.