NK Informa: Câmara dos Deputados realiza fórum sobre desafios e ações para reduzir a morte cardiovascular
Em evento realizado nesta quinta-feira (17), a Câmara dos Deputados realizou o Fórum Coração em Foco para tratar dos desafios e ações para reduzir a morte cardiovascular. O evento foi coordenado pelo deputado Weliton Prado (Solidariedade-MG).
Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC)
Andréa Brandão, Presidente do Conselho Administrativo da SBC, destacou que a Sociedade Brasileira de Cardiologia está conduzindo um projeto denominado Estatística Cardiovascular Brasil. Nesse contexto, ressaltou que a doença isquêmica do coração figura como a principal causa de óbitos, seguida pela doença cerebrovascular. Destacou que atualmente, estima-se que mais de 15 milhões de brasileiros convivam com doenças cardiovasculares, resultando em cerca de 400 mil mortes anuais.
Observou que, tanto em homens quanto em mulheres, o risco de ocorrência de doenças cardiovasculares aumenta com a idade, assim como a taxa de mortalidade associada. Pontuou que os principais fatores de risco incluem aspectos dietéticos, poluição do ar, hipertensão arterial e níveis elevados de colesterol. Além disso, enfatizou que o período de 2021 a 2022 presenciou um aumento de 80% nas hospitalizações devido a doenças cardiovasculares.
Organização Pan-Americana de Saúde
Antonio Ribas, representante da OPAS, observou que pessoas que levam uma vida sedentária, fumam, enfrentam situações de estresse frequentes e mantêm uma alimentação desequilibrada estão mais suscetíveis ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Ele também destacou que existe uma disparidade no acesso à informação e aos tratamentos médicos, o que tem um impacto significativo nas taxas de mortalidade.
Instituto Lado a Lado Pela Vida
Marlene Oliveira, fundadora e presidente do Instituto Lado a Lado, relatou que introduziu o ’Setembro Vermelho – Siga o Seu Coração’ em 2014 e estabeleceu o Fórum Global em 2019. Ela explicou que o propósito subjacente é a criação de uma política nacional voltada para doenças cardiovasculares. Também fez um apelo específico relacionado ao estado do Piauí, onde os índices de hipertensão eram mais elevados em comparação com Rondônia. Além disso, expressou sua convicção de que a implementação de uma campanha focada nas mulheres poderia ter um impacto positivo na redução dessa taxa de mortalidade.
Sociedade Brasileira de Cardiologia
Gérson Bredt, representante da Sociedade Brasileira de Cardiologia, enfatizou que fosse eliminado do mundo o diabetes, a hipertensão arterial, o tabagismo e o consumo de cigarros, ocorreria a redução de morte por doenças cardiovasculares em 99%. Ele ressaltou a importância de a população se informar e estar consciente dos fatores que causam essas condições e de tudo que contribui para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e outras afecções relacionadas. Afirmou que prevenir a obesidade, o tabagismo e o sedentarismo desde a infância é crucial para diminuir significativamente o número de pessoas que desenvolvem doenças cardiovasculares.
Edna Maria Marques de Oliveira apontou que os principais desafios incluem assegurar o acesso universal, alocação de recursos e financiamento adequado, envelhecimento da população, incorporação de tecnologias e medicamentos avançados, entre outros. Ela destacou que a descentralização do acesso ao paciente é um dos pontos cruciais para a melhoria da situação.
Sérgio Montenegro, membro do Conselho Administrativo da SBC, sugeriu a possibilidade de implementar treinamentos na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) para o tratamento e diagnóstico de infarto, bem como treinamento para lidar com paradas cardíacas em escolas públicas e privadas, além de alertas sobre fatores de risco e campanhas direcionadas ao público leigo.
O objetivo do fórum é ouvir as sugestões e propor medidas para um novo projeto que dê mais atenção às doenças cardiovasculares. A criação da Política Nacional de Cardiologia serviria como base para todas essas iniciativas.
Conselho Administrativo da Sociedade Brasileira de Cardiologia
Dr. João Fernando Monteiro Ferreira observou que as doenças cardiovasculares frequentemente causam mortes em jovens no Brasil, destacando que a maioria dos adolescentes já estão expostos aos fatores de risco associados a essas doenças.
Já Larissa Veríssimo mencionou fatores de prevenção, incluindo o controle do tabagismo, a prática de atividade física, a adoção de uma dieta saudável e as intervenções clínicas, como aconselhamento aos pacientes, protocolos de tratamento baseados em evidências, acesso a tecnologias e medicamentos essenciais, gestão do risco cardiovascular e sistemas de monitoramento, entre outros.
Por sua vez, a nutricionista Geórgia Russo destacou o desafio da alimentação, especialmente entre crianças e adolescentes, mencionando que o ambiente escolar no Brasil tende a promover a obesidade. Ela argumentou que é necessário reavaliar o fornecimento de alimentos saudáveis a preços acessíveis e enfatizou a importância de educar para uma alimentação adequada, um conhecimento que deveria ser integrado ao sistema educacional.
Dr. José Eldes Barroso relatou que o Ministério da Saúde elaborou um documento há cerca de 20 anos, intitulado ’Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas e Agravos não Transmissíveis no Brasil’. Esse plano foi estruturado em quatro eixos: promoção da saúde, atenção integral à saúde, vigilância em saúde e prevenção de doenças e agravos à saúde. As metas incluíam reduzir em 2% a mortalidade prematura por doenças crônicas não transmissíveis, diminuir em 30% a prevalência de tabagismo, reduzir em 10% o consumo excessivo de álcool, conter o crescimento da obesidade em adultos, aumentar em 10% o consumo recomendado de frutas e vegetais e aumentar em 10% a prática de atividade física.
Conasems
Cristiane Pantaleão ressaltou que o Brasil atualmente possui uma das maiores políticas públicas de saúde do mundo e destacou que as doenças cardiovasculares impactam 47% da população adulta, sendo responsáveis por 72% das causas de óbito no país.
Sociedade Brasileira de Cardiologia Seção do Rio Grande do Norte
Antônio Amorim de Araújo Filho, relatou que a Sociedade Brasileira de Cardiologia do Rio Grande do Norte fez outras intervenções na saúde pública para reduzir a taxa de mortalidade pelas cardiovasculares, tais como discussão com Legislativo que tiveram contato direto com o vereador local, onde apresentaram um projeto de lei da obrigatoriedade do desfibrilador em locais públicos e obrigatoriedades do ensino de primeiros socorros nas escolas, melhoria na condição das urgências cardiovasculares e atuação na atenção primária.
Coordenação Geral do Departamento de Atenção Especializada- Ministério da Saúde
Rodrigo de Cariri enfatizou a importância de abordar tanto medidas emergenciais para restabelecer a continuidade da linha de cuidado, quanto medidas estruturais. Ele destacou que o programa ’Mais Médicos’ foi reintegrado, e estão em discussão e revisão os critérios de acompanhamento e remuneração do programa ’Previne’. Além disso, ressaltou a restauração e expansão do programa ’Farmácia Popular’, a revogação do ’QualiSUS Cardio’, o aumento na remuneração dos serviços de cardiologia de alta complexidade e a retomada dos valores relacionados a órteses e próteses.
Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp)
Marco Aurélio Ferreira disse que a Anahp foi estabelecida em 11 de maio de 2001, com a missão de advogar em prol dos interesses e demandas do setor, bem como disseminar as melhorias alcançadas pelas instituições privadas. No presente, a associação abarca 122 hospitais membros distribuídos por todo o território brasileiro.
Associação Médica Brasileira
Fernando Tallo declarou que a verticalização tem o potencial de diminuir os gastos associados a transações, alinhar os interesses entre provedores e operadoras, otimizar os lucros de ambas as partes e viabilizar a disponibilidade de planos mais acessíveis.
Conselho Federal de Medicina
Julio César Vieira Braga destacou que a verticalização abriria a oportunidade para a criação de comissões de defesa de prerrogativas e de qualidade assistencial. De acordo com ele, isso permitiria a investigação de possíveis casos de subutilização de recursos no âmbito local. Ele enfatizou que, em diversas ocasiões, as exigências da ANS para determinadas características elevam muito os padrões, o que acaba restringindo a competitividade para os planos de saúde menores.
Parlamentares
O Deputado Federal Osmar Terra (MDB-RS) observou que a atenção primária, incluindo a saúde da família, enfrenta dificuldades significativas em seu funcionamento, o que acaba sobrecarregando todo o sistema de saúde, inclusive a área de cardiologia. Ele reiterou a importância da teoria de que pessoas com problemas cardíacos precisam de acompanhamento contínuo, atendimento apropriado e profissionais preparados para atendê-las. Enfatizou a necessidade de ter um sistema de saúde eficaz, bem como uma prevenção adequada. Também ressaltou a importância de contar com uma equipe de atenção primária em planos de seguro saúde, que poderia resultar em redução de custos e uma melhora na qualidade de vida dos pacientes.
Por fim, o deputado Welinto Prado (Solidariedade-MG) ressaltou a necessidade de melhorar a comunicação de maneira clara e direta, bem como garantir um acesso equitativo ao tratamento. Ele enfatizou a importância crucial da conscientização nas escolas sobre as taxas de mortalidade entre as mulheres, já que as doenças cardíacas causam mais óbitos do que o câncer de mama, útero e ovário combinados. Segundo ele, a cada 10 mortes relacionadas a problemas cardíacos, 4 ocorrem em mulheres. Fez apelo pela aprovação de uma política nacional para que a população não dependa exclusivamente de algumas portarias existentes no Brasil. Além disso, afirmou que o principal desafio nas doenças cardíacas não é a falta de recursos.