Brasília, urgente

Comissão da Câmara dos Deputados debate os impactos da dermatite atópica e o reconhecimento do Dia Nacional de Conscientização sobre a doença

A Comissão Externa da Câmara dos Deputados que trata sobre a primeira infância realizou, nesta segunda-feira (09), audiência pública para instituir a data de 23 de setembro como o Dia Nacional de Conscientização sobre a doença Dermatite Atópica. O debate foi solicitado pela deputada pela Paula Belmonte (Cidadania-DF). 

Conforme destacado pelos participantes, a dermatite atópica (DA) é uma doença genética causada por reações exageradas do sistema imunológico, levando o paciente a ter uma pele seca e inflamada, com descamação, vermelhidão, coceira muito intensa e feridas que, em alguns casos, chegam a infeccionar.

Omar Lupi, representante da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), abordou sobre a ocorrência da dermatite atópica na população. Segundo ele, os índices são entre 15% a 20% em crianças e de 2% a 10% em adultos, ressaltando o aumento da incidência de duas a três vezes em razão da exposição a antígenos ambientais ou opção de parto do tipo cesariano. Ele ressaltou que a doença tem impacto no aumento da hospitalização, distúrbio do sono, depressão e ansiedade, estando ligada ainda a diversas comorbidades como asma, depressão, alergias alimentares, doenças de perfil metabólico e doenças autoimune. O médico destacou que os sintomas como prurido, sangramento e dor interferem diretamente na rotina, qualidade de vida dos pacientes e principalmente na vida escolar das crianças. Ele trouxe, ainda, um importante dado sobre o diagnóstico da doença: da primeira manifestação de dermatite atópica até o diagnostico demora-se em média 9,5 anos.

Bruna Rocha, representante da Associação Crônicos do Dia a Dia (CDD), destacou sobre os impactos da dermatite atópica no bem-estar e na qualidade de vida da comunidade. Ela relatou que por ser uma doença visível acarreta diversos sofrimentos psicológicos e preconceitos. Relatou que a partir de uma pesquisa realizada entre 2021 e 2022 no observatório da dermatite atópica na CDD, a maioria das pessoas atingidas envolve os grupos de crianças na primeira infância e de jovens na transição da infância para a adolescência. Ela citou os custos do tratamento que são considerados altos e sobre as dificuldades de diagnóstico, sendo necessário passar por até quatro especialistas. Ainda citou que pacientes graves não tem acesso aos medicamentos imunobiológicos de controle da doença devido à ausência de protocolo clínico para dermatite tópica no país. Por isso, enfatizou a relevância da conscientização sobre a doença com a comunidade em geral e médica, assim como a importância de um protocolo clínico de diretrizes terapêuticas bem estabelecido e fundamentado.

Suzana Almeida, paciente, professora e fundadora do instagram @minhavidacomdermatite, relatou que foi diagnosticada desde a infância com o caso mais grave de dermatite atópica. Ela comentou sobre os desafios de viver com a doença, destacando as limitações causadas na sua rotina e o preconceito sofrido. Ela indicou a importância do reconhecimento do Dia Nacional de Conscientização sobre a Dermatite Atópica para dar mais visibilidade, conscientizar e dialogar sobre a doença.

O colegiado trabalha para a criação do dia nacional para conscientização sobre a dermatite atópica, como já acontece com a psoríase e a artrite reumatoide, que são consideradas doenças incapacitantes. Esse será o tema de um projeto de lei a ser apresentado nos próximos dias pela comissão. A ideia é divulgar informações sobre a dermatite atópica, bem como debater políticas públicas direcionadas ao tratamento.


Envie sua opinião