Brasília, urgente

Em audiência pública, ANS debate sobre recomendação desfavorável de medicamentos

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) debateu em audiência pública realizada nesta quinta-feira (15), sobre a recomendação desfavorável à incorporação ao Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde do Pembrolizumabe + Axitinibe e do Cabozantinibe + Nivolumabe, para o tratamento de carcinoma de células renais metastático ou avançado em 1ª linha.

Pembrolizumabe + axitinibe
Inicialmente, foi apresentada a recomendação preliminar desfavorável à incorporação do pembrolizumabe + axitinibe para o tratamento de pacientes adultos com carcinoma de células renais avançado ou metastático (CCR) de risco IMDC intermediário e desfavorável em primeira linha (UAT 50). Em seguida, foi aberta a participação.
Altacílio Nunes, médico e pesquisador da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, destacou a importância que as Sociedades Europeia e Brasileira de Oncologia Clínica recomendam o uso do tratamento. Também apontou interferências negativas na avaliação dos pareceristas, inclusive em relação à avaliação dos custos, que seria diminuído em relação ao tratamento com associação de medicamento disponível no rol.
Felipe Berlisnki, gerente-médico da MSD para a área de oncologia, disse que o tratamento pode ser melhor para alguns pacientes do que a combinação de drogas disponível atualmente.
Letícia Leonart, do MSD, destacou que é preciso garantir que a ATS seja aplicada de forma justa e a favor da discussão, e não como uma barreira. Além disso, disse que se deve ter cuidado com o grau de simplificação do modelo econômico computacional, que utiliza uma planilha fixa aplicável a mais de uma doença, o que pode justificar a grande diferença na análise econômica.
Andrey Soares, oncologista clínico, informou ser de fundamental importância ter outra opção terapêutica, pois não são todos os pacientes que são elegíveis às disponíveis.
Tiago Matos, advogado sanitarista, informou observar um desalinhamento entre metodologista e assistencialista que é cruel com os pacientes.

Cabozantinibe + nivolumabe
Foi feita apresentação da recomendação preliminar de não incorporação da UAT 56, para o tratamento com cabozantinibe + nivolumabe de pacientes com carcinoma de células renais avançado ou metastático em primeira linha. Em seguida foi aberto espaço para contribuições.
Manoel Gomes, que tem câncer renal metastático, disse que tem se beneficiado muito do tratamento e espera ter boa sobrevida.
Murilo Luz, urologista e representante da Sociedade Brasileira de Urologia, disse estar claro o benefício em relação à qualidade de resposta, sendo racional tal terapia.
Vanessa Fabrício, oncologista e diretora-médica da IPSEN, informou que houve uma melhora da qualidade de vida com o tratamento, que está descrita nos estudos.
André Sasse, oncologista clínico que falou em nome da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, disse perceber os benefícios nos pacientes que ele trata atualmente. Ele disse não entender a recomendação contrária, pois o tratamento tem bons resultados e amplia as opções de tratamento disponíveis. Além disso, disse que o impacto orçamentário pode, inclusive, ser menor em pacientes que fazem uso das drogas a longo prazo. O médico disse que as diferenças e incertezas não impactam nos resultados entre todas as tecnologias disponíveis.
Lígia Yoshida, funcionária de fármaco-economia da IPSEN, informou que havia cinco metanálises, mas somente uma foi considerada e não foi identificado motivo para a exclusão das outras quatro.
Ao final da reunião, foi lembrado que ambas as UATs estão em consulta pública, assim como outras duas, até o dia 20 e que elas serão discutidas novamente na reunião de outubro da COSAUDE.


Envie sua opinião