Brasília, urgente

Gasto e eficiência desafiam próximo presidente a tirar saúde do topo das queixas

No topo da lista de preocupações dos brasileiros, segundo o Datafolha, a área da saúde viu seus desafios aumentarem com a pandemia de Covid, em um cenário de estagnação de financiamento público federal. Segundo destacou matéria da Folha de S. Paulo, cronicamente sobrecarregado e diante de queda orçamentária, o SUS (Sistema Único de Saúde) tem lidado com a demanda reprimida durante a crise sanitária. Houve diminuição de mais de 900 milhões de procedimentos, de acordo com a Fiocruz, que comparou os anos de 2020 e 2021 ao período pré-pandemia.

Há também uma carga maior de pacientes com doenças crônicas descompensadas, como diabetes ou hipertensão, outros sofrendo com os efeitos da Covid longa e o agravamento da saúde mental. No último mês, o aumento de casos da varíola dos macacos acrescentou novos desafios à rede pública de saúde.O país vive ainda um ’apagão’ de remédios, como antibióticos e analgésicos, devido à dependência de matéria-prima importada —o Brasil compra do exterior 95% de todo o IFA (Insumo Farmacêutico Ativo). Para lidar com essa tempestade, o novo presidente terá de ampliar e qualificar os investimentos em saúde nos próximos anos.

O Brasil é um dos que menos investe recursos públicos na área, apesar de 150 milhões de pessoas no país dependerem exclusivamente da saúde pública. Quais os principais desafios da saúde pública brasileira? Uma análise do Ieps (Instituto de Estudos para Políticas de Saúde), batizada de Agenda Mais SUS, aponta seis desafios para melhorar a saúde pública. O primeiro é o baixo nível do gasto público na área. O país precisa saltar de 3,8% do PIB para 5% até 2026 e 6% até 2030. O segundo é o fortalecimento da atenção primária, com a expansão do programa Estratégia de Saúde da Família, e o terceiro é o enfrentamento das desigualdades na área de saúde entre as diferentes regiões do país. Para tal, aprimorar a digitalização dos processos é fundamental. O quarto desafio se refere aos recursos humanos no SUS.

Há propostas de valorização dos profissionais e de ações que promovam a interiorização de agentes do setor de forma sustentável, além da ampliação da atuação da enfermagem no SUS. O quinto desafio é atender à demanda atual e futura por serviços de saúde mental, área que piorou muito com a pandemia e que requer mais investimentos e melhorias. O sexto é a necessidade de fortalecer o SUS para o combate de novas emergências de saúde pública.


Envie sua opinião