Brasília, urgente

Insetos modificados em laboratório ajudam algumas cidades a reduzir casos de dengue em até 90%

NK Consultores – O número de casos anuais de dengue aumentou dez vezes na região das Américas em duas décadas, exigindo medidas cada vez mais urgentes para deter o avanço da doença. O vírus causador do quadro é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, que se prolifera especialmente quando há combinação de calor e água acumulada. Uma estratégia inusitada para combatê-lo, e que vem sendo testada com sucesso em alguns lugares do mundo, é introduzir mais mosquitos no meio ambiente. Parece contraproducente, mas não falamos de qualquer mosquito: trata-se de uma versão alterada em laboratório, na qual é introduzida uma bactéria capaz de bloquear a transmissão do vírus para o ser humano e interferir no ciclo reprodutivo do inseto na natureza, destacou reportagem do Estado de S. Paulo. Essa é a premissa do Método Wolbachia, criado pelo World Mosquito Program (WPM), da Universidade Monash, na Austrália, que agrega empresas sem fins lucrativos e tem como intuito combater doenças transmitidas por mosquitos. Wolbachia, vale destacar, é o nome da bactéria inserida nos insetos. Nas cidades onde o projeto tem atuado, pesquisadores alcançaram reduções de até 90% na incidência da dengue. Eles também tiveram resultados positivos em relações a outras doenças causadas pelo mosquito, como zika e chikungunya, conforme divulgado em estudos apresentados na conferência anual da Sociedade Americana de Medicina Tropical e Higiene, em Chicago, nos EUA, no final de outubro. O método se diferencia por ser duradouro, natural (não há alteração genética) e apresentar um custo-benefício promissor. Mas há desafios a serem encarados, como entender por que os mosquitos com a bactéria têm dificuldade para se estabelecer em determinadas localidades e achar maneiras de escalar a produção. Com uma urbanização sem rede de água e esgoto adequados, as mudanças climáticas e medidas de controle pouco eficazes, a dengue se torna um problema cada vez mais latente no Brasil e no mundo. Para especialistas ouvidos pelo Estadão, só inovações “disruptivas” combinadas serão capazes de mudar o rumo dessa história – isso inclui o controle da transmissão pelo vetor, oferta de vacina e desenvolvimento de tratamentos contra a doença. No Brasil, o método é conduzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com financiamento do Ministério da Saúde em parceria com governos locais, desde 2014. O WPM está presente em cinco cidades: Rio de Janeiro (RJ), Niterói (RJ), Campo Grande (MS), Belo Horizonte (MG) e Petrolina (PE). Os bons resultados têm atraído o interesse de novos municípios. Para acessar a matéria completa, clique aqui.


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