Brasília, urgente

Maior rede de diálise do país ameaça suspender atendimento pelo SUS

Em carta encaminhada na noite desta quinta (4) ao Ministério da Saúde, a maior rede de clínicas de diálise do país, a DaVita, pede uma reunião de emergência com o ministro Marcelo Queiroga e informa que o atendimento a 14 mil pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde) está sob risco de ser interrompido, informou a Folha de S. Paulo. O alerta da rede, que tem 91 clínicas e um centro de acesso vascular e atende a 350 hospitais no país, reflete uma grave crise que atinge uma área fundamental para o doente renal crônico.

Na diálise, uma máquina filtra e limpa o sangue do paciente, fazendo parte do trabalho que o rim doente não pode fazer. Cerca de 90% das clínicas de diálise que atendem ao SUS são privadas e recebem repasses do governo federal. Elas relatam que já vinham lidando nos últimos anos com valores defasados dos procedimentos, mas que nos últimos meses, com a alta do dólar, o aumento do preço dos insumos e a inflação, o cenário foi ainda mais agravado. A ’pá de cal’, nas palavras do nefrologista Yussif Ali Mere Júnior, presidente da ABCDT (Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante), veio nesta quinta, com a sanção do piso salarial da enfermagem, pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo a ABCDT, haverá aumento de despesas com a criação do piso e não está prevista nenhuma contrapartida nos repasses aos prestadores de serviços do SUS.

Isso tem provocado protestos de várias entidades patronais da saúde, além de prefeitos e governadores.Atualmente, as clínicas de diálise que prestam serviços ao SUS recebem R$ 218,47 por sessão, depois de um reajuste em dezembro do ano passado de 12,5% na tabela. Mas de acordo com cálculos da ABCDT, o custo do procedimento é de R$ 303, ou seja, há uma defasagem de 39%. Com o piso da enfermagem, o setor estima que haverá um impacto adicional de R$ 68 por sessão de diálise e reivindica que o Ministério da Saúde compense esse aumento de custo.


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