O pontapé inicial para a criação do primeiro banco genético privado com foco na diversidade brasileira foi dado nesta segunda (12), com o anúncio da construção da maior plataforma de dados de saúde e genômica do país, que tem a meta de reunir informações de 200 mil pessoas, informou a Folha de S. Paulo. O projeto nasce com a ambição de diversificar o perfil dos bancos genômicos do mundo. Hoje, cerca de 80% desses dados são de populações brancas da Europa e dos Estados Unidos. Com isso, as pesquisas sobre riscos genéticos para doenças diversas são realizadas basicamente com pessoas de ancestralidade europeia, e os resultados, quando aplicados a outras populações (multiétnicas e miscigenadas, por exemplo), não são tão precisos.
Esse é um ponto crucial para a chamada medicina de precisão, que alia dados já usados para diagnóstico e tratamento (sinais, sintomas, exames, história pessoal/familiar) ao perfil genético da pessoa. No Brasil, porém, ela ainda é para poucos. No câncer, por exemplo, a estimativa é que apenas 10% dos pacientes sejam tratados com as novas técnicas e medicamentos. Segundo Lygia da Veiga Pereira, professora e pesquisadora da USP e CEO da biotech gen-t, responsável pelo biobanco, a ideia é que, no futuro, a plataforma de pesquisa ajude no desenvolvimento de medicamentos e testes diagnósticos mais precisos para a população brasileira.