Os danos da pandemia da covid-19 na saúde do coração estão entre as principais preocupações dos profissionais da área, informou o Correio Braziliense. Isso porque algumas complicações cardiovasculares podem ser incapacitantes e fatais. Cientistas britânicos divulgaram nesta terça (31) um panorama que justifica o estado de alerta.
Depois de analisar dados de 48 países, coletados entre dezembro de 2019 e dezembro de 2021, eles constataram um ’declínio global substancial’ nos atendimentos hospitalares de casos de infarto, insuficiência cardíaca e outros problemas do tipo. Sem medidas de mitigação, avaliam os investigadores, o cenário de interrupção na assistência médica terá desdobramentos que devem nos acompanhar ’por um longo tempo.’ ’A doença cardíaca é o assassino número um na maioria dos países, e a análise mostra que, durante a pandemia, em todo o mundo, as pessoas não receberam os cuidados cardíacos que deveriam ter recebido.
Isso terá ramificações’, alerta Tamesh Nadarajah, pesquisador clínico da British Heart Foundation, na Universidade de Leeds, e principal autor do artigo, publicado no European Heart Journal. De forma geral, houve queda de 22% no número de pessoas com ataque cardíaco grave (quando uma das artérias que atendem o coração está completamente bloqueada) atendidas em hospitais, e de 34% daquelas em quadros menos graves (quando a artéria está parcialmente bloqueada). O número de cirurgias também diminuiu: em média, 34%.
E quem procurou uma unidade de saúde esperou por 69 minutos a mais para ser atendido, se comparado ao período anterior à crise sanitária. Uma das análises feitas pelos britânicos é de que, como o número de complicações cardíacas não caiu, houve, na verdade, um aumento no número de pessoas morrendo em casa ou nas comunidades. Dentro das unidades de saúde, o número de óbito também cresceu, principalmente em países de média e baixa renda, onde, segundo os autores, hospitais e clínicas nem sempre puderam oferecer os tratamentos considerados padrão-ouro.