Brasília, urgente

Para ex-ministros da Saúde, permanência de Nísia favorece política de longo prazo

NK Consultores – Enfatizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a permanência da ministra da Saúde, Nísia Trindade, é referendada por ex-ocupantes do cargo ouvidos pelo jornal o Globo. O ministério é cobiçado pelo Centrão, o que já levou Nísia a destravar recursos para atender demandas de parlamentares e a se aproximar até mesmo de siglas de oposição ao governo. Além da conexão da ministra com a pasta e de sua experiência à frente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) nos últimos anos, os ex-ministros avaliam que não ceder a tentativas de promover uma troca de comando na Saúde por pressão política pode fortalecer uma política de longo prazo para o Sistema Único de Saúde (SUS). Um levantamento feito pelo GLOBO mostra que titulares da pasta da Saúde desde os governos de Fernando Henrique ficaram no cargo, em média, por um ano e meio, ou 18 meses. No período, de pouco mais de 28 anos, o país teve 19 ministros, e as trocas se intensificaram com Jair Bolsonaro (PL). Quem permaneceu mais tempo no posto foi José Serra (PSDB), titular por quase 4 anos na segunda gestão de FH. Já o que ficou menos no cargo foi Nelson Teich (28 dias), na de Bolsonaro. Na pasta há 186 dias, Nísia está prestes a superar o ex-ministro Eduardo Pazuello (PL), também do governo anterior, que sobreviveu a 188 dias na função durante a crise da pandemia de Covid-19. Ministro da Saúde no primeiro governo Lula, o ex-deputado federal Saraiva Felipe (PSB-MG) ressalta que, após trocas recorrentes no ministério durante a gestão de Bolsonaro, a pasta ficou ’fora de prumo’ e que é preciso adotar “políticas mais permanentes” para fortalecimento do SUS, compromisso que vê na atual ministra. Embora não particularize a situação de Nísia, Nelson Teich, que deixou o comando da pasta por divergências com Bolsonaro sobre a condução do enfrentamento à Covid-19, concorda com a avaliação de que é preciso tempo no posto para estabelecer políticas de longo prazo no ministério, além de acompanhar inovações constantes que a área exige e capacitar equipes. Um exemplo citado por ele é a regionalização da oferta da atenção básica e especializada para chegar aos municípios. Para o ex-ministro José Gomes Temporão, que ficou no posto no segundo governo Lula, além do tempo de permanência, outro ponto importante para a gestão da área é a profissionalização dos cargos de confiança. Ele ressalta que a ministra montou uma equipe com qualidade técnica, conhece profundamente a saúde pública brasileira e que sua escolha reafirma um compromisso do presidente, feito na campanha, “com os princípios da participação, equidade, fortalecimento do SUS e da saúde universal”. Ministro no primeiro mandato de Lula, Humberto Costa (PT-PE) também afirma que a permanência de Nísia no cargo representa um compromisso com um projeto mais amplo de defesa do SUS e com o programa de governo que foi elaborado na campanha de Lula no ano passado. O hoje senador está entre os petistas que têm feito demonstrações de apoio à ministra. Para acessar a matéria completa, clique aqui.


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