Brasília, urgente

‘Precisamos de uma nova vacina contra tuberculose’, diz pneumologista Margareth Dalcolmo

NK Consultores – O fim da pandemia de Covid-19 não trouxe descanso para a pneumologista Margareth Dalcolmo. Uma das lideranças médicas mais atuantes contra o coronavírus e a desinformação que se espalhou, Dalcolmo preside a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia e continua sua luta contra um velho inimigo que se fortaleceu na pandemia: a tuberculose. Em entrevista ao jornal o Globo, ela traça um panorama de novas vacinas e do desafio à frente. Segundo ela, a tuberculose está num momento muito delicado no Brasil e no mundo. A pandemia de Covid-19 prejudicou muito o controle. Muitos serviços de atendimento deixaram de funcionar. Na Fiocruz não foi interrompido o atendimento, mas muitos pacientes pararam de ir. As consequências foram severas, os casos se agravaram e a doença se espalhou, explicou. Ela aponta que em 2022, o Brasil passou de 70 mil para 80 mil casos por ano. As mortes saltaram de quatro mil para cinco mil por ano. Houve um grande retrocesso. A Organização Mundial de Saúde (OMS) planejava alcançar a eliminação da tuberculose até 2030, mas isso dificilmente será possível. Na situação do Brasil, a média é de 38 casos por 100 mil. “Mas falar em média no Brasil não quer dizer muita coisa porque há enormes discrepâncias regionais. O Rio de Janeiro, por exemplo, tem 96 casos por 100 mil, é o pior estado. A Região Norte tem números parecidos. E existe o grande paradoxo do Brasil”, disse. Ela destaca que o SUS oferece o tratamento completo, mas a aderência ao tratamento, que é longo e leva meses, não é boa. Ela enfatiza que além disso, muita gente nem sabe que tem a doença (no mundo, se estima que uma em cada quatro pessoas tenha a infecção latente, a doença pode passar anos sem apresentar sintomas). Ela diz que a BCG continua a ser a única vacina que temos contra a tuberculose e que é muito importante para as crianças. Ela disse que na última avaliação da câmara técnica, optou-se por manter a recomendação da BCG nas maternidades. Mas falta adesão ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) e a oferta é muito desigual nos estados. Perguntada do porquê não termos novas vacinas contra a tuberculose a pneumologista disse que há uma combinação de fatores. “Primeiro, é bastante complexo desenvolver um imunizante contra uma doença que afeta a imunidade celular, assim como a Aids e a diabetes. E a Aids fez a tuberculose voltar com força no mundo. Além disso, com o avanço do tratamento, a tuberculose se tornou uma doença da exclusão, com pouco apelo comercial para os grandes laboratórios farmacêuticos. Sim, vacinas salvam mais vidas do que qualquer outra coisa. Mas a pergunta a fazer nos testes é se a vacina vai tratar o indivíduo infectado ou se vai conseguir também prevenir a infecção. É muito difícil. Precisamos de uma vacina que proteja contra a infecção e também quem já está infectado, que trate a infecção latente”, disse. Para acessar a matéria completa, clique aqui.


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