NK Consultores – A Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados realizou, nesta quarta-feira (31), a 4º edição do Diálogo com Saúde, que abordou a prevenção das Doenças Cardiovasculares na Atenção Primária de Saúde (APS).
A Dra Juliane Seabra Garcez, cardiologista pelo Instituto do Coração (Incor-USP) e membro da Sociedade de Cardiologia Regional de Sergipe, apontou dados do IBGE, de 2019, que mostram que desde a década de 90, as doenças vasculares são a maior causa de morte no Brasil. Apresentou, ainda, informações do cardiômetro, indicador do número de mortes por doenças cardiovasculares no País, criado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, que registrou mais de 165 mil mortes este ano. Até o final do ano, serão aproximadamente 400 mil mortes.
De acordo com a cardiologista, a hipertensão e o tabagismo são os líderes de fatores de riscos que podem provocar o acometimento cardiovascular. Por isso, apresentou estudos que comprovam que adoções de hábitos saudáveis funcionam como prevenção das doenças e podem reduzir o risco de desenvolver em até 50%.
Dados do IBGE também foram utilizados por ela para demonstrar a disparidade do atendimento ofertados pelo SUS e pela saúde suplementar aos pacientes de doenças cardiovasculares. Ela explicou que 70% dos brasileiros são dependentes do SUS, cuja maior concentração é no Norte e Nordeste. Explicou que o índice de mortalidade no SUS é de 12,2% e no privado 6,2%. Por isso, defendeu que a prevenção das doenças pode evitar a disparidade dos dados.
Quanto ao gasto do SUS com o tratamento de doenças cardiovasculares, ela explicou que existe dificuldade em mensurar, visto que os dados disponibilizados no SUS são pobres e faltantes. Sendo assim, a Sociedade Brasileira de Cardiologia utiliza do Estatística Cardiovascular Brasil, para tentar compilar essas informações. Ela apresentou dados de 2022, de que os procedimentos clínicos geraram gastos em torno de R$ 935 milhões. Quanto aos gastos cirúrgicos, mais de R$ 1 bilhão.
Jualine informou que os pacientes enfrentam dificuldades que vão desde conseguir a primeira consulta, acompanhamento por parte dos profissionais de saúde, exames complementares ao acesso aos medicamentos. Pontuou que no portal do SUS existe publicação com portaria que tem estratégia de saúde com linhas de cuidados para as doenças cardiovasculares, mas que precisam ser implementadas. Explicou, ainda, que cabe à Atenção Primária de Saúde identificar e modificar os fatores de riscos para evitar a evolução para uma doença instalada. De acordo com ela, as APS não estão preparadas para atender esta demanda. Sugeriu que sejam criadas políticas similares ao do câncer para os que possuem doenças cardiovasculares.
Marlene Oliveira, do Instituto Lado a Lado pela Vida, falou sobre o controle e adesão ao tratamento por parte dos pacientes. De acordo com ela, existe uma disparidade entre os programas anunciados no site do Ministério da Saúde e o que o paciente recebe na ponta.
A deputada Flávia Morais (PDT-GO) ressaltou que as doenças cardiovasculares são um grande desafio para o Brasil. Disse que é coordenadora da Frente Parlamentar de Diabetes e pretende incluir o debate de tratamento da obesidade, que leva ao risco de doenças cardiovasculares.
O deputado Roberto Monteiro (PL-RJ) parabenizou a realização do evento que aborda tema de grande relevância para o Brasil.
Por fim, o deputado Weliton Prado (Solidariedade-MG), defendeu a propagação de políticas públicas para a conscientização das pessoas sobre medidas de prevenção às doenças cardiovasculares.