Brasília, urgente

Realizada audiência pública para tratar sobre a disponibilização no SUS de insulinas de ação rápida e prolongada

NK Consultores – As comissões de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa (CIDOSO) e Seguridade Social e Família (CSSF) debateram em audiência pública realizada nesta quarta-feira (26) a respeito da disponibilização no SUS de insulinas de ação rápida e prolongada. A audiência foi coordenada pelo deputado Zacharias Calil (UNIÃO-GO).

Vanessa Pirolo, Coordenadora da Coalizão Vozes do Advocacy em Diabetes e em Obesidade e Representante da Associação Botucatuense de Assistência ao Diabético (ABAD), aponta que apesar da incorporação das insulinas no SUS, difícil é seu acesso, gerando diversas complicações para a saúde da população com diabetes. A Coordenadora também aborda sobre diversas reuniões que participou em conjunto com o Ministério da Saúde para debater o assunto e melhorar a disponibilização das insulinas, porém, salienta que nada foi feito em prol da temática. Além disso, explica que a principal função, e também o maior benefício clínico das insulinas análogas de ação prolongada se dá em diminuir as hipoglicemias, as quais causam diversas dificuldades, como tontura, cansaço e confusão mental.

Levimar Araújo, Presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), ressalta a importância das insulinas análogas, apontando que são uma evolução.  Aborda o perfil das insulinas disponíveis, salientando os benefícios das análogas, como ação prolongada e diminuição das complicações a longo prazo. Também mostra dados sobre as diabetes no Brasil, apontando que apenas aproximadamente 10% dos indivíduos com a doença possuem controle glicêmico adequado.

Karla Melo, Coordenadora de Departamento de Saúde Pública da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), ressalta a importância da temática. Aborda sobre a evolução terapêutica da diabetes tipo 1 no Brasil, salientando que a insulina regular não funciona adequadamente para cobrir as refeições, uma vez que possui tempo de ação mais longo, apontando que é uma insulina “obsoleta”. Então, explica a substituição da regular pelo análogo da insulina de ação rápida e posteriormente, pela insulina de ação rápida e prolongada, incorporada pelo PCDT, porém não disponibilizado. Aponta que a insulina de ação rápida e prolongada representa avanço tecnológico e na qualidade de vida e melhora do controle glicêmico.

Thais Lauand, Endocrinologista da Sociedade Brasileira de Diabetes – Regional do Distrito Federal, inicia sua fala apontando que existem cerca de 538 milhões de pessoas com diabetes no mundo, ressaltando a importância do papel do controle da glicose para a prevenção da doença. Também aborda sobre as diversas complicações causadas pela doença, e além disso, aponta que diversas ações são necessárias para diminuir os impactos da doença, como o rastreamento para diagnóstico precoce e tratamento adequado. Nesse contexto, explica a fundamentalidade de maior agilidade pelo Ministério da Saúde no cenário das insulinas, principalmente das análogas de ação prolongada. 

Jaqueline Correia, Presidente do Instituto Diabetes Brasil (IDB), ressalta a importância das insulinas, explicando que, sem elas, os pacientes com diabetes morrem, salientando que tais mortes vem aumentando. Nesse sentido, aponta que é fundamental um tratamento adequado, contando seu relato como mãe cujo filho desfaleceu devido a uma convulsão causada por uma hipoglicemia severa. Assim, aponta como é reconfortante para uma mãe saber que seu filho está usando o medicamento adequado, que de fato promova qualidade de vida, e então, suplica que seja implementado as insulinas de ação rápida e prolongada no SUS.

Ediane de Assis Bastos, Diretora de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos em Saúde (DAF/SCTIE) do Ministério da Saúde, faz alguns esclarecimentos do Ministério da Saúde relacionados ao tema. Nesse contexto, aponta que a Política Nacional de Saúde é tripartite, então depende da articulação entre o nível Federal, Estadual e Municipal para que as ações sejam implementadas, e assim, explica que a decisão de colocar onde a insulina de ação rápida e prolongada vai ser disponibilizada depende de um acordo entre essas três esferas de gestão. Aborda também sobre um projeto sobre o tema, o qual está em andamento e sendo discutido, que propõe que ao invés do Ministério da saúde fazer a aquisição centralizada, os estados façam essa aquisição, gerando maior autonomia. Ressalta que o Ministério da Saúde faria o repasse financeiro.

Lucia Xavier, Representante da Associação de Diabetes Juvenil (ADJ), aborda sobre um estudo realizado pela JDRF (Type 1 Diabetes Research Funding and Advocacy), o qual trata-se de uma ferramenta de simulação que mede o impacto da crise de Diabetes tipo 1 na saúde pública de todos os países do mundo, mostrando que está altamente associada à falta de acesso de tratamento de qualidade, e além disso, mostra também o número de pessoas que estariam vivas hoje se tivessem recebido os cuidados necessários.

Após os debates e considerações finais, a audiência foi encerrada.


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