Brasília, urgente

Seminário realizado pela Secretaria da Mulher aborda o câncer de mama pós-pandemia

A Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados realizou, nesta terça-feira (18), debate sobre o tema ’A saúde da mulher e o câncer de mama pós-pandemia’. A atividade integra a Campanha Outubro Rosa 2022, que tem como objetivo conscientizar e alertar mulheres e toda a sociedade sobre a importância da prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama e outros tipos da doença que atingem as mulheres. O debate foi coordenado pela procuradora-adjunta, deputada Vivi Reis (PSOL-PA).

Ricardo Caponero, presidente do comitê científico da Femama, informou que as previsões apontam para o aumento dos casos de câncer de mama, já que ocorreu queda na realização de mamografias durante a pandemia. Além disso, apontou a falta de celeridade na coleta de dados do câncer e na jornada do paciente, que precisa realizar exames e cirurgias em tempo menor. Ela também alertou que existem muitos tratamentos sofisticados para tratar a doença que não estão disponíveis para grande parte da população. Pediu, ainda, a aprovação do Projeto de Lei 265/2020, para disponibilizar testes genéticos para selecionar grupos de risco e melhores estratégias terapêuticas.

A Dra. Luciana Landeiro, representante da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), reiterou que as estimativas do Instituto Nacional do Câncer muito provavelmente subestimam a real situação. Ela citou que se a mamografia for realizada de forma regular, a taxa de mortalidade do câncer de mama cai entre 30% a 35%, sendo importante a retomada do diálogo com a sociedade. Também foi informado que a população latino-americana possui maiores chances de apresentar a doença em idades menores, sendo ¼ entre 40 e 50 anos, faixa etária que não está preconizada no Ministério da Saúde para a realização de mamografia. Também apresentou que pacientes negras tem menor acesso ao exame e maior taxa de mortalidade. Por fim, mostrou o impacto na atividade laboral, pois muitas mulheres não conseguem retornar aos seus trabalhos, o que indica a necessidade de um olhar para o bem-estar dessa população.

Helena Esteves, coordenadora de advocacy do Instituto Oncoguia, incialmente mostrou um vídeo expondo a falta de representatividade de pessoas trans, inclusive em relação ao câncer de mama. Após isso, apresentou as diversas dificuldades que os pacientes encontram para realizar biópsias. Também mostrou que mesmo na faixa etária de 50 a 69, a porcentagem de realização da mamografia é muito baixa. Em seguida, apontou que grande parte da população precisa sair de seu município para realizar exames ou consultas médicas. Por fim, expôs que o repasse de verbas é baixo para certos tratamentos, como o uso de inibidores de cíclica, tornando impossível para os hospitais utilizar tais medicamentos.

Joana Jeker, presidente da Recomeçar, Associação de Mulheres Mastectomizadas de Brasília, informou que existe até 95% de chances de cura para o câncer de mama. Também disse que é levado muito tempo para a incorporação de medicamentos no SUS, sendo o prazo real entre a incorporação e a efetiva dispensação, em média, de 624 dias. Após isso, disse que é necessário maior financiamento no SUS.

Lis Maria de Almeida, diretora-substituta do Instituto Nacional de Câncer (INCA) do Ministério da Saúde, destacou que mudanças de comportamento relacionadas a fatores de risco, como atividade física, alimentação, aleitamento materno e uso de álcool podem diminuir o número de casos de câncer. Isso poderia reduzir os custos, possibilitando a compra de medicamentos mais caros. Ela diz ser importante ancorar as estratégias no conhecimento dos sinais de alerta do câncer, na mamografia, na capacitação dos profissionais de saúde e no acesso imediato aos serviços especializados. A diretora-substituta disse que defende uma rede de aconselhamento genético nacional que viabilize todos os testes necessários. Em seguida, afirmou que deveria existir um sistema organizado em que, caso não fosse possível disponibilizar todos os testes e exames no mesmo local, a Secretaria se responsabilizasse pelo transporte do paciente e que o rastreamento também deveria ser organizado, com cadastramento e atualizações. Também afirmou que primeiramente é preciso garantir uma melhor cobertura de mamografias na faixa etária de 50 a 69 anos, em que ocorre a maior frequência dos casos e o exame é mais eficiente e apresenta menos riscos. Por fim, avisou que dia 23 de novembro serão liberadas as novas estimativas para o câncer que serão lançadas pelo INCA e que o governo fará um aporte financeiro para a reconstrução mamária.

Após todas as apresentações, a Deputada Vivi Reis fez o lançamento da Cartilha Saúde da Mulher, que foi iniciativa da Procuradora e Deputada Tereza Nelma (PSD-AL). A cartilha aborda diversos temas, como neoplasias, doenças cardíacas, transtornos psíquicos, patologias infecciosas, sintomas, fatores de risco e medidas preventivas. Em breve, estará disponível no site da Secretaria da Mulher no formato Pdf.


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