A variante delta do coronavírus, que causou uma avalanche de novos casos nos últimos meses em países da Europa, Ásia e também nos EUA, parece estar se comportando de uma forma diferente no Brasil. Aqui, quatro meses depois da identificação dos primeiros casos, a variante não provocou uma piora nas contaminações, internações e mortes.
Os números, ao contrário, são declinantes. O virologista Fernando Spilki, coordenador da rede Corona-ômica do Ministério da Ciência e Tecnologia, diz que o surto devastador que o país viveu de covid-19 nos primeiros meses do ano (com mais de 4 mil mortos por dia) e também a vacinação podem estar servindo de escudo à delta.
A rede do ministério reúne instituições pelo país que fazem sequenciamentos genômicos de amostras do coronavírus para identificar quais variantes estão em circulação.
A Corona-ômica é uma das grandes redes do tipo no país. Spilki, que presidiu a Sociedade Brasileira de Virologia entre 2019 e 2020, fala de um cenário de alguma piora da pandemia no Brasil devido à delta. Mas que a aposta é que não haverá uma reprise da hecatombe de covid-19 que atingiu o Brasil no começo do ano. A seguir, alguns dos principais pontos da entrevista de Spilki ao Valor Econômico.