A ESTRANHA INTELIGÊNCIA DA IA. ELA RESOLVERÁ OS PROBLEMAS DA SAÚDE? – AMB

A ESTRANHA INTELIGÊNCIA DA IA. ELA RESOLVERÁ OS PROBLEMAS DA SAÚDE?

Prof Dr Jefferson G Fernandes

Recentemente, me deparei com dois excelentes artigos que contribuíram para minhas reflexões sobre inteligência artificial.

O primeiro, “Cognição Fossilizada e a Estranha Inteligência da IA”, escrito por John Nosta, é uma reflexão filosófica e conceitual sobre a natureza da inteligência artificial generativa, especialmente os modelos de linguagem de grande porte (MLGs) – https://lnkd.in/dV4QeUmq.

Nosta propõe que os LMGs não são “mentes em formação”, mas sim reconstruções sofisticadas da cognição humana “fossilizada” – sedimentada em textos antigos, fragmentos do pensamento humano passado, organizados por padrões estatísticos em vez de significado ou experiência vivida. Segundo ele, essas IAs não pensam como nós e não têm memória ou consciência contínuas. Elas operam em um “eterno agora”, respondendo a estímulos baseados em vastos registros linguísticos do passado. Elas não vivem, não evoluem, apenas reanimam padrões de linguagem passados.

Ao contrário da cognição humana, que se constrói com base no tempo e na experiência, os LLMs existem em uma “geometria atemporal” – uma metáfora para descrever como os modelos de linguagem organizam o conhecimento e produzem respostas de forma não linear e atemporal, desvinculada da experiência humana.

Mesmo com memórias técnicas, os LLMs não se lembram como nós – eles apenas recuperam dados. Nosta não nega seu valor. Pelo contrário, reconhece seu poder prático e impacto transformador. No entanto, argumenta que é essencial entender o que eles realmente são: máquinas reflexivas, não mentes conscientes.

O segundo artigo é “Por que a IA não consertará a saúde”, escrito por João Bocas – https://lnkd.in/dJ4ZcYVG.

Nele, Bocas desafia a crença generalizada de que a Inteligência Artificial “consertará” a saúde. Ele argumenta que, embora a IA ofereça capacidades impressionantes, faltam-lhe os elementos humanos essenciais à medicina: empatia, intuição e conexão. Ele enfatiza que os principais problemas da saúde não são técnicos, mas sistêmicos, culturais e humanos.

Ele critica a tendência de usar a IA como um atalho em vez de como parte de uma transformação estratégica. Isso frequentemente resulta em sistemas que aumentam a carga administrativa, corroem a confiança do paciente e agravam as disparidades na saúde — especialmente quando as ferramentas de IA não são projetadas de forma inclusiva ou validadas por médicos.

Em última análise, Bocas afirma que a verdadeira melhoria da saúde requer investimento em pessoas, design ético de sistemas, mudança cultural e colaboração entre humanos e máquinas. O futuro, ele conclui, não deve ser “artificial”, mas sim ampliado, com a IA aprimorando, em vez de substituir, o atendimento humano.

E você? O que pensa sobre este tema?

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