Comunicação é fundamental para a relação médico-paciente em cuidados paliativos
Durante apresentação do caso clínico sobre Cuidados Paliativos, que ocorreu na tarde no último dia (27) do 2º Congresso de Medicina Geral da Associação Médica Brasileira (AMB), a médica paliativista do Grupo Palivida e Hospital da Luz em São Paulo, Dra. Halane Maria Rocha Pinto Lima, destacou que na avaliação do caso clínico de um paciente com esclerose lateral amiotrófica é importante identificar os seus valores, os fatos relevantes da situação e, junto às possibilidades médicas, realizar uma deliberação com o intuito de identificar os desfechos possíveis, buscando um caminho mais adequado.
“Essa comunicação e avaliação devem estar presentes desde o diagnóstico, pois se trata de uma patologia incurável e progressiva em que o comprometimento respiratório é uma das complicações esperadas, junto a disfagia. Definir pela traqueostomia ou não deve vir após essa deliberação junto ao paciente e à sua família ou responsáveis. O procedimento não evitará que o paciente tenha a sensação de falta de ar e nem evitará a evolução natural da doença, podendo exigir maiores demandas de cuidado por parte da rede de apoio envolvida”, esclareceu a médica.
Dra. Halane também pontuou que a avaliação e tratamento da dor e de outros problemas de natureza física e mental em cuidados paliativos não se baseiam em protocolos, mas sim em princípios, tais como promover o alívio da dor e de outros sintomas desagradáveis; afirmar a vida e considerar a morte como um processo norma; não acelerar nem adiar a morte; integrar os aspectos psicológicos e espirituais no cuidado do paciente; oferecer um sistema de suporte que possibilite ao paciente viver tão ativamente quanto possível até o momento o óbito e oferecer sistema de suporte para auxiliar os familiares durante a doença do paciente e no enfrentamento do luto.
Apesar da condição clínica do paciente no caso avaliado, Dr. Luís Felipe de Barros Ura, cirurgião-geral de Cabeça e Pescoço do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP), afirma que a comunicação é fundamental para manter a boa relação com a rede de cuidados e a confiança do paciente. “Temos inúmeras ferramentas de apoio à comunicação com paciente e, independentemente, de investimento há soluções simples, como o uso de uma prancheta, por exemplo. O importante é comunicar o que está acontecendo, explicar o porquê de cada tomada de decisão e qual é a melhor resolução para não ocorrer a quebra de confiança”, explica ele. Ura ainda lembrou que, dessa forma, a relação médico-paciente é preservada, algo fundamental nos cuidados paliativos.
O caso clínico foi moderado pela especialista em Clínica Médica e Medicina Paliativa pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), Sociedade Brasileira de Clínica Médica (SBCM) e AMB, Ana Paula de Oliveira Ramos.
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