Entre os dias 5 e hoje, 7 de outubro, Madri, na Espanha foi a sede de mais uma edição da Assembleia Geral da Confederação Médica Latino-Americana e do Caribe (CONFEMEL). O encontro aconteceu na sede da Organización Médica Colegial de España, no Consejo General de Colegios Oficiales de Médicos, reunindo representantes de entidades médicas de diversos países, incluindo o presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), Dr. César Eduardo Fernandes.

Durante os três dias de debates, os participantes aprovaram o Manifesto de Madrid, documento que consolida o posicionamento das entidades médicas da América Latina e Caribe frente a temas cruciais como ética profissional, saúde mental dos médicos, violência no ambiente de trabalho, digitalização da medicina, sustentabilidade e direitos humanos.

Segundo o presidente da AMB, o Manifesto de Madrid é um marco importante para a medicina latino-americana, pois reafirma valores que não são negociáveis — como a relação médico-paciente, a ética profissional e a defesa intransigente dos direitos humanos —, “ao mesmo tempo em que aponta caminhos concretos para enfrentar desafios contemporâneos, como a crise climática e a saúde mental dos profissionais“, explica ele.

E o presidente ainda destaca: “No Manifesto de Madrid, também foi dado enorme importância para a Recertificação Periódica do Especialista, bandeira essa também prioritária e defendida enfaticamente pela AMB. O manifesto ressalta textualmente que a recertificação e o credenciamento periódico devem ser tratados como dever ético dos profissionais, essenciais para garantir qualidade no atendimento e segurança dos pacientes. O Brasil, não pode se omitir em relação a este tema tão relevante para o exercício qualificado e seguro da profissão médica”.

O manifesto, assinado pelas organizações-membro da CONFEMEL, destaca os seguintes pontos:

1. Certificação médica e relação médico paciente
   A CONFEMEL reafirma a importância da certificação médica universal e da preservação da relação médico-paciente como pilares de confiança e humanidade no atendimento, frente aos riscos de desumanização trazidos pela digitalização e por pressões comerciais.
2. Ética e responsabilidade social na prática médica
   O compromisso com a ética e a deontologia é reiterado como base da atuação médica, extrapolando a clínica individual e alcançando a esfera social. A entidade defende o fortalecimento da formação ética contínua e o reconhecimento da Carta Latino-Americana de Ética Médica como marco comum.
3. Educação médica continuada e recertificação
   A recertificação e o credenciamento periódico são tratados como dever ético dos profissionais, essenciais para garantir qualidade no atendimento e segurança dos pacientes, incluindo temas como saúde pública, transformação digital e sustentabilidade ambiental.
4. Combate à violência contra profissionais de saúde
   A assembleia condenou todas as formas de violência, desde agressões físicas até precarização do trabalho e assédio. Foi exigida tolerância zero e a implementação de políticas legais e comunitárias de proteção aos profissionais da saúde.
5. Saúde mental dos médicos como prioridade
   A saúde mental dos profissionais foi apontada como fundamental para a qualidade da assistência e sustentabilidade dos sistemas de saúde. O manifesto pede ações coordenadas, regulamentações eficazes e programas de apoio acessíveis e confidenciais.
6. Defesa dos direitos humanos e do Direito Internacional Humanitário
   A CONFEMEL manifestou preocupação com a violação do Direito Internacional em zonas de conflito, especialmente em Gaza, e exigiu respeito à neutralidade médica, à integridade dos profissionais de saúde e das infraestruturas hospitalares.
7. Acesso universal à saúde como direito fundamental
   O texto defende políticas públicas que assegurem acesso equitativo e de qualidade à saúde, bem como o planejamento adequado dos recursos humanos, combatendo a escassez e a migração de profissionais.
8. Emergência climática e saúde pública
   A crise climática foi reconhecida como uma ameaça direta à saúde, demandando ações urgentes. O manifesto destaca a abordagem da Saúde Única (One Health), que integra saúde humana, animal e ambiental, e conclama os médicos a liderarem iniciativas de descarbonização e promoção de hábitos sustentáveis.

Ao final do documento, a CONFEMEL reafirmou os laços de solidariedade e cooperação entre as entidades médicas da América Latina e Caribe, e o compromisso coletivo com uma medicina baseada na ciência, na ética e na humanização.

Clique aqui e confira a versão original do Manifesto de Madrid

Assessoria de Comunicação AMB