Dr. César Eduardo Fernandes reforça protagonismo da AMB na 76ª Assembleia Geral da Associação Médica Mundial

Entre os dias 8 e 11 de outubro, a cidade do Porto, em Portugal, foi palco da 76ª Assembleia Geral da World Medical Association (WMA). Organizado pela Associação Médica Portuguesa, o evento reuniu médicos e lideranças da saúde de diversos países para discutir os desafios contemporâneos da profissão, incluindo o impacto da inteligência artificial, políticas públicas de saúde e questões éticas.
A Associação Médica Brasileira (AMB) foi representada pelo seu presidente, Dr. César Eduardo Fernandes, reforçando o protagonismo da entidade, pelo Dr. Carlos Serrano,diretor de Relações Internacionais, bem como o Dr. Antonio José Gonçalves, presidente da Associação Paulista de Medicina (APM).
As atividades ocorreram no Pestana Douro Riverside Hotel e tiveram início na quarta-feira (8), com reuniões internas das comissões do Conselho da WMA e uma recepção oficial promovida pela Câmara Municipal do Porto. O ex-presidente da (WMA) e delegado do Brasil, Dr. José Luiz Gomes do Amaral representou a AMB, nesta abertura.
O presidente da AMB, Dr. César Eduardo Fernandes, destacou a importância em especial desta edição. “Essa 76ª Assembleia da WMA é um espaço essencial para o fortalecimento da medicina global, pois promove o diálogo ético, científico e humano entre as nações. Esta edição, em especial, reafirma o compromisso da classe médica com a construção de políticas de saúde mais justas, inclusivas e sustentáveis para todos os povos e vai ao encontro com a missão da AMB”, afirmou Fernandes.
Na quinta-feira (9) foram realizadas diversas discussões técnicas que começaram com uma sessão científica totalmente dedicada ao tema que atualmente domina todas as conversas: “O Impacto da Inteligência Artificial na Prática Médica”, com seus desafios éticos e implicações legais no dia a dia clínico e os ajustes necessários em termos de sistemas de saúde.
Para o presidente da entidade brasileira a tecnologia deve ser uma ponte, nunca uma barreira. A AMB defende que os sistemas de saúde incorporem a IA com responsabilidade e que se garantam condições justas para todos os médicos, especialmente em países em desenvolvimento”, enfatizou.
E completou:. “A inteligência artificial está mudando a forma como cuidamos das pessoas, mas não podemos permitir que a tecnologia avance sem que os princípios éticos avancem junto. É por isso que encontros como este são tão relevantes“.

Já na sexta-feira (10), a programação ganhou tom cerimonial com a posse da nova liderança da WMA. A médica queniana Dra. Jacqueline Kitulu assumiu a presidência para o mandato 2025-2026, tornando-se uma figura emblemática pela sua trajetória. Primeira mulher a presidir a Associação Médica do Quênia em seus 50 anos de história, Kitulu tem atuação destacada em instituições como o Hospital Kampala, NHIF e o painel de saúde da Safaricom. Em seu discurso de posse, comprometeu-se a fortalecer a cooperação global, reduzir disparidades no acesso à saúde e investir na formação de novas gerações de médicos. Na parte da tarde, os participantes tiveram espaço para atividades sociais e networking, encerrando o dia com um jantar oficial.
O sábado (11) foi reservado para os debates e votações da Assembleia Geral e reunião do Conselho. A pauta foi extensa e abordou temas como esgotamento profissional, saúde digital, acesso universal aos cuidados e revisão das diretrizes éticas da profissão médica diante das rápidas transformações globais.
Além de participar dos debates e votações da Assembleia Geral, Dr. César também reforçou a atuação histórica da AMB nas discussões internacionais promovidas pela WMA: “O Brasil tem voz ativa no cenário médico global. A AMB atua não apenas em defesa dos médicos brasileiros, mas como parceira no fortalecimento da medicina baseada na ciência, na ética e no compromisso com a dignidade humana“, reforçou ele.
Presença de médicos jovens
Durante a assembleia da WMA também foi promovido o Junior Doctors Network, encontro com grupo de jovens médicos da Europa, da América Latina (CONFEMEL), além da Sociedade Mundial de Medicina de Família e Comunidade (Wonca).
A AMB esteve representada pelo Dr. Andrey Cruz, que é membro da Comissão Nacional de Médico Jovem da associação (CNMJ). Ele teve vários encontros, um deles com a Dra. Julie Baé (da França), diretora eleita para o Comitê de Membros Associados da WMA e membro do Junior Doctors Network.
Segundo Andrey, durante o encontro foram apresentados resultados dos diversos grupos de trabalho da WMA, além da aprovação de planejamentos e declarações de políticas e encaminhamentos para o início do mandato da nova presidente (Dra. Jacqueline Kitulu) para o próximo ano.
“Estar no Junior Doctors Network reforçou em mim a certeza de que os jovens médicos têm um papel fundamental na transformação da medicina global. Compartilhar ideias com colegas de diferentes culturas e mostrou que, apesar das distâncias, temos um compromisso comum: cuidar das pessoas e construir um futuro mais humano para a saúde”, afirmou ele.
WMA: uma entidade global pela ética e excelência médica
Fundada em 1947, a Associação Médica Mundial é uma confederação independente que representa médicos de todo o mundo. Seu objetivo é promover os mais altos padrões internacionais em educação, ciência e ética médica, com foco no bem-estar da humanidade.
Participação ativa da AMB nas assembleias da WMA
A Associação Médica Brasileira (AMB) mantém presença constante nas reuniões da WMA. Em 2018, durante a assembleia realizada em Reykjavik, na Islândia, o psiquiatra Dr. Miguel Roberto Jorge, então 1º Tesoureiro da AMB, foi eleito presidente da WMA para o biênio 2019-2020. Ele atuou por três anos no ciclo presidencial: como presidente eleito, presidente em exercício e ex-presidente imediato.
Em abril de 2022, uma delegação da AMB participou da Reunião do Conselho da WMA, em Paris — a primeira reunião presencial desde o início da pandemia. O evento híbrido reuniu mais de 220 participantes, entre eles o presidente da AMB, Dr. César Eduardo Fernandes, e os ex-presidentes da WMA, Drs. José Luiz Gomes do Amaral e Miguel Jorge. Entre os principais temas debatidos, destacam-se a aprovação de uma resolução em apoio aos profissionais de saúde e à população da Ucrânia, diante da invasão russa.
Em outubro de 2023, a AMB marcou presença na assembleia realizada em Kigali, Ruanda, representada por seu diretor de Relações Internacionais, Dr. Carlos Vicente Serrano Júnior. Na ocasião, foram discutidos temas como a condenação de ataques a médicos no Nepal, a posição da WMA sobre armas biológicas e a igualdade de gênero na saúde.
Já em 2024, novamente o diretor Serrano participou da assembleia em Helsinque, Finlândia. Ele integrou uma mesa de debate com o tema “Desigualdades na saúde e nos cuidados de saúde – Como enfrentá-las?”, que teve como principal palestrante Sir Michael Marmot, referência mundial em desigualdades em saúde. Em sua fala, o diretor da AMB abordou o papel da prevenção e da atenção primária na promoção da equidade.

Protestos durante a assembleia
Durante a 76ª Assembleia Geral no Porto, um grupo de médicos portugueses e ativistas promoveu uma vigília de protesto contra a participação da Associação Médica Israelita (IMA). O ato, realizado em solidariedade a mais de 200 profissionais de saúde palestinos, contou com o apoio de entidades como Humans Before Borders, Estudantes do Porto em Defesa da Palestina e Parents for Peace Portugal.
Os manifestantes acusaram a IMA de cumplicidade com ações do governo de Israel contra civis e profissionais de saúde palestinos. As denúncias, também levantadas por organizações como Human Rights Watch, Médicos Sem Fronteiras, Amnistia Internacional e a ONU, apontam ataques deliberados a estruturas hospitalares, além do sequestro e assassinato de médicos em zonas de conflito.
Assista aqui ao vídeo convite da 76ª Assembleia Geral da World Medical Association no Porto.
Assessoria de Comunicação da AMB