Dr. Luiz Carlos von Bahten é destaque nas palestras de abertura e encerramento do VII Fórum de Cirurgia Geral promovido pelo CFM

O Dr. Luiz Carlos von Bahten, professor Titular de Cirurgia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Diretor de Comunicação da Associação Médica Brasileira (AMB), foi o responsável pelas palestras de abertura e encerramento do VII Fórum de Cirurgia Geral, promovido pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), realizado nesta sexta-feira (10).
Com o tema central “O Trauma em Foco”, o evento reuniu renomadas autoridades médicas de todo o país para discutir os principais desafios e avanços no atendimento ao trauma no Brasil. Clique aqui e confira a programação completa.
O Dr. Von Bahten abordou dois temas de grande relevância para a área:
- “Epidemiologia do Trauma no Brasil”, durante a sessão de abertura;
- “Diversidade de Cenários na Realidade Brasileira”, na palestra de encerramento.
Ambas as apresentações destacaram dados, experiências e propostas voltadas à melhoria da assistência aos pacientes traumatizados no contexto nacional.
Durante seu discurso de abertura, Dr. Von Bahten agradeceu ao professor Sérgio Tamura e à Câmara Técnica pelo convite. “É uma grande honra estar aqui neste momento tão especial, representando o Colégio Brasileiro de Cirurgiões e especialmente o nosso presidente, professor Pedro Portari, que infelizmente não pôde estar presente, mas está acompanhando à distância”.
Na sua fala, o Dr. Von Bahten abordou o tema epidemiologia do trauma, diante de um público composto por especialistas com ampla experiência na área. Ele destacou, logo no início, a necessidade de compreendermos o trauma — como já alertava Trunkey, em 1983 — como uma doença previsível, prevenível e tratável, que continua sendo um dos maiores desafios da saúde pública mundial.
Um ponto frequentemente enfatizado por ele é a importância da energia envolvida na cinemática do trauma, que pode ter origens diversas — mecânica, térmica, elétrica, química ou até mesmo por radiação — e que, muitas vezes, resulta em lesões físicas e anatômicas significativas nos pacientes.
Embora os dados globais já sejam amplamente conhecidos, “é fundamental reforçar que o trauma ainda representa uma grave tragédia de saúde pública, responsável por aproximadamente 5,8 milhões de mortes por ano em todo o mundo”, destacou ele.
No contexto do sistema integrado de transporte em saúde, o Dr. Von Bahten ressaltou a importância de garantir acesso rápido e adequado ao atendimento, desde o suporte pré-hospitalar até os serviços de urgência móvel — como o atendimento aeromédico — organizados de forma regionalizada. Esse processo envolve também a Central Nacional de Regulação de Urgência e Trauma, com triagem baseada em protocolos clínicos padronizados.
Outro destaque importante foi a necessidade de um sistema digital de referência entre unidades hospitalares, aliado ao uso da telemedicina e a uma comunicação segura entre os diferentes níveis de atenção, fortalecendo a integração da rede de cuidados.
No que diz respeito à normatização, ele reforçou a necessidade de avaliar institucionalmente os centros de trauma, com base em diretrizes técnicas e científicas. Isso inclui a implementação de auditorias clínicas, análise de desfechos e a consolidação do Registro Nacional de Trauma, que desempenha um papel estratégico tanto na coleta de dados estatísticos quanto no planejamento de políticas públicas. O registro também serve como base para incentivar certificações e acreditações de unidades especializadas, como o Centro Brasileiro de Cuidados de Alta Complexidade em Trauma.
A discussão sobre esses temas se torna ainda mais relevante quando observamos os dados do próprio registro, que evidenciam disparidades importantes — inclusive na valorização dos profissionais que atuam nessas unidades. É fundamental reconhecer e fortalecer o trabalho desses profissionais, bem como das estruturas de atendimento, que, pela complexidade de sua atuação, exigem atenção e investimento diferenciados.
Diante desse cenário, o Dr. Von Bahten propôs a implementação de um Fluxograma Nacional de Atendimento ao Trauma, que abrange todas as etapas da linha de cuidado:
- Atendimento no local do trauma
- Triagem e atendimento pré-hospitalar
- Unidades de estabilização
- Centros regionais de trauma
- Centros de referência nacional
- Tratamento definitivo
- Reabilitação
- Registro nacional de trauma
“Há mais de quatro décadas vejo o trauma repetir sua história no Brasil. Mudam-se as tecnologias, mas permanece a urgência de salvar vidas e de educar as novas gerações, para que o futuro seja menos marcado por cicatrizes — e mais voltado à prevenção”, explicou ele.
Ao final, ele deixou uma mensagem de reflexão e incentivo à ação: “que, com a expertise reunida neste fórum, seja possível construir diretrizes concretas e viáveis para implementação em todo o território nacional”.
Clique aqui e confira o vídeo do VII Fórum de Cirurgia Geral.
Assessoria de Comunicação da AMB