“Estudar é a base da boa medicina”, aponta Dr. Fernando Antônio de Andrade, no debate sobre Cirurgia Plástica

No último dia do 3º Congresso de Medicina Geral (CMG) da Associação Médica Brasileira (AMB), realizado neste sábado (26/7), a mesa-redonda sobre Cirurgia Plástica reuniu grandes especialistas em torno de debates sobre estética, reconstrução e inovação científica.
O presidente da Sociedade de Medicina de Alagoas (SMA), Dr. Fernando Antônio de Andrade, abriu os trabalhos destacando a importância da busca contínua por conhecimento. “Com pouca leitura você pode fazer o mínimo na medicina, mas para fazer bem feito, corretamente atendendo à necessidade do paciente, é fundamental estudar, estudar e sempre procurar se atualizar.”
Reconhecido por sua atuação humanizada, o especialista reforçou que ouvir e interpretar as necessidades do paciente são atitudes essenciais para manter a eficácia da prática médica.

Na sequência, a cirurgiã plástica Dra. Cristina Pires Camargo, coeditora da seção de queimados da PRSGO e pesquisadora líder do Grupo Global Health, apresentou os avanços da medicina regenerativa e suas aplicações na prevenção do envelhecimento. Segundo ela, o uso de tecidos autólogos tem substituído materiais comerciais, oferecendo maior retenção e resultados mais naturais. Essas técnicas têm sido incorporadas tanto em procedimentos estéticos quanto reparadores, com potencial para reestruturar a pele de maneira funcional e integrada.
Logo depois, o Dr. Cleyton Dias Souza, regente do Serviço de Cirurgia Plástica da Santa Casa de Misericórdia de Barretos, trouxe à discussão o papel do cirurgião plástico nos hospitais oncológicos. Ele defendeu que reconstruir não é apenas corrigir formas, mas restaurar dignidade e autoestima. “A reconstrução é uma arte que exige sensibilidade. Não se trata de fechar um defeito, mas de restaurar a humanidade após algo devastador.”
Além disso, compartilhou os obstáculos enfrentados na área reparadora, como a escassez de concursos e oportunidades. Para o Dr. Cleyton, foi necessário construir uma carreira sólida, investindo em especializações e mantendo empatia com o paciente.
Opinião reiterada pelo cirurgião plástico Dr. Fábio de Freitas Busnardo, médico chefe da Cirurgia Plástica Reparadora do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, que abordou a clássica distinção entre cirurgia estética e reparadora. Em sua opinião, ambas compartilham fundamentos como forma e função. Ele argumentou que o trabalho do cirurgião deve ir além das limitações impostas pelos convênios médicos, considerando as reais necessidades do paciente — seja alguém que passou por cirurgia bariátrica, ou que sofra com envelhecimento cutâneo, ou ainda se precisa de reconstrução após tratamento oncológico.
Por fim, o professor associado Livre Docente da Unifesp, Dr. Miguel Sabino Neto, reforçou a importância da cirurgia plástica como promotora da saúde e da qualidade de vida. “Reconstrução ou estética, ambas focam na qualidade de vida e saúde. Esse é o ponto de partida fundamental para entender a sensibilidade de cada paciente.”
Concluindo, o debate, ele também enfatizou a necessidade de manter a especialidade integrada às demais áreas da medicina, destacando que o cirurgião plástico deve ser um profissional completo, atuando em sintonia com toda a equipe multidisciplinar.