“Nas infecções ósseas, as bactérias seguem para dentro das células”, disse Dr. Mauro Salles em sua palestra na mesa de Ortopedia e Traumatologia

A Ortopedia e a Traumatologia foram os temas abordados em um dos últimos painéis do primeiro dia do 3º Congresso de Medicina Geral da AMB. A mesa-redonda trouxe tópicos essenciais para o avanço do tratamento e manejo de condições osteoarticulares. O encontro contou com a presença de especialistas da área que discutiram questões cruciais, como as infecções bacterianas osteoarticulares, a atualização no diagnóstico e tratamento da osteoporose, e os conceitos atuais no manejo da osteoartrite.
O debate foi coordenado pelo Dr. Miguel Akkari, chefe do Grupo de Ortopedia Pediátrica da Santa Casa de São Paulo e presidente eleito da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, e pelo Dr. Akira Ishida, diretor administrativo da AMB. As aulas magnas proporcionaram uma visão abrangente sobre os desafios e inovações na ortopedia, destacando as abordagens mais recentes e eficazes para o tratamento dessas condições que afetam a qualidade de vida de milhões de pessoas.
Infecções bacterianas osteoarticulares
O médico infectologista Dr. Mauro José Costa Salles foi o primeiro palestrante do painel, apresentando ao público uma análise sobre as infecções ósseas. Ele falou sobre as possíveis origens da invasão de micro-organismos no tecido ósseo, resultando em infecções como implantes, fraturas (principalmente as expostas), osteomielite hematogênica aguda, infecção do pé diabético e artrite séptica.
“Nas infecções ósseas, invariavelmente, as bactérias seguem para dentro das células, o que exige um antibiótico de ação e concentração dentro das células e dentro dos biofilmes do tecido ósseo, além da necessidade de serem eficazes contra bactérias de baixíssimo metabolismo. Por isso, alguns antibióticos não têm resultados nesses casos, o que gera um entendimento incorreto de que a osteomielite não tem cura”, explicou o infectologista convidado.
Diagnóstico e tratamento da osteoporose
Emílio César Mamede Murade, 2º vice-presidente da Associação Brasileira Ortopédica de Osteometabolismo (Aboom), destacou que a osteoporose pode acontecer de forma mais comum em mulher pós-menopausa e em homens acima de 50 anos, quando aumentam os riscos de fratura por fragilidade.
“Ao longo da vida o risco de fratura por fragilidade é maior do que a ocorrência de um câncer de mama, ou seja, o monitoramento para prevenção deveria ser uma preocupação do grupo de risco e ter campanhas de igual intensidade e importância”, alertou o especialista ao elencar os critérios para diagnóstico.
Manejo da osteoartrite
Dr. Carlos Gorios, professor titular de Ortopedia do Centro Universitário São Camilo e membro da Comissão de Educação Continuada (CEC) da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (Sbot) foi o responsável pela última palestra do painel, trazendo os conceitos atuais no manejo da osteoartrite. Essa condição faz parte do conjunto de doenças agrupadas sob a designação de ‘reumatismos’.
“Trata-se de uma condição que envolve a perda progressiva da cartilagem hialina, mas não se limita a isso; também apresenta características como alterações ósseas, sinovite leve e um caráter progressivo e incapacitante. Como consequência disso, ela causa dor intensa com degradação articular”, explicou.