“Nenhuma forma de tratamento é efetiva com paciente morto”, diz Dra. Alexandrina Meleiro sobre burnout e a profissão médica – AMB

“Nenhuma forma de tratamento é efetiva com paciente morto”, diz Dra. Alexandrina Meleiro sobre burnout e a profissão médica

Conforme Dra. Alexandrina Maria Augusto da Silva Meleiro na Mesa Redonda de Psiquiatria, ao abordar “Burnout na Profissão Médica”, o médico pode ter stress por causas gerais, da vida e ao trabalho – lembrando sempre que ele pode ser multifatorial.

Ao citar um caso fictício como exemplo, ela contou que excesso de carga horária com muitas horas em muitos plantões gerou um burnout em um médico. Segundo ela, apesar de seguro no que fazia, ele se sentia muito cobrado. Era muito prestativo e isso causou uma sobrecarga gradativa, que gerou insônia, sobrepeso, aumento de triglicérides, baixa autoestima e medo.

Segundo ela, o burnout começa com entusiasmo e satisfação, mas a realidade frustra e dá raiva, gerando desilusão e a pessoa trabalha com eficiência, mas sem vontade, e isso vai gerando a diminuição da produtividade e a vulnerabilidade da pessoa. Nisso surgem múltiplos sintomas até a sensação de esvaziamento, de “não ligar mais”. “O burnout vai além do cansaço, a pessoa passa a querer fazer rápido para se livrar daquilo, começa a criticar tudo e todos, inclusive a instituição onde trabalha, terminando a empatia com todos”. Com isso, a pessoa se automedica, sendo que cada um possui um “órgão-alvo”. “Muitas vezes a própria pessoa não se dá conta do que tem”.

Burnout não é só depressão e ansiedade, mas também consequências de um modelo/estilo de vida estressante no trabalho. Para tal, as recomendações são de alguns especialistas, tais como psiquiatra, psicólogo, nutricionista, fisioterapeuta ou personal trainer, assistente social e médico do trabalho.

“Médico: aprenda a sonhar, chorar, conversar, amar, dançar, cantar, sorrir, descansar, brincar e, principalmente, aprender a dizer ‘não’ e ajustar o seu sono, que é o grande maestro do humor”, finaliza.

“Em breve teremos a nova diretriz que diz que o médico precisa cuidar da própria saúde. A competência do autocuidado se não for exigida, ela acaba batendo na insegurança do atendimento ao paciente e isso vale para o convênio médico, para o SUS, para todos. O médico vai precisar aprender a se autocuidar”, finaliza Dr. Sergio Pedro Baldassin.