“Precisamos tratar com muito carinho a atenção primária, a porta de entrada precisa receber sua devida importância”, explica o Presidente da Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG), Dr. Áureo de Almeida Delgado – AMB

“Precisamos tratar com muito carinho a atenção primária, a porta de entrada precisa receber sua devida importância”, explica o Presidente da Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG), Dr. Áureo de Almeida Delgado

Durante a mesa redonda de Gastroenterologia, o Dr. Isaac Altikes apresentou em seu tema “Cirrose Hepática – Manejo do paciente na atenção primária à saúde”, ele apresentou dados nos quais a cirrose hepática vem aumentando muito nos últimos anos, de 1990 até 2017 o número de pacientes praticamente dobrou, sendo ela a responsável de aproximadamente 2,5% de pacientes no mundo. No Brasil, ela é a sétima causa de morte, muito provavelmente por busca tardia do tratamento.

Segundo ele, o fígado é o grande maestro da homeostase e o consumo de álcool de forma frequente, além de piercings e tatuagens feitos em locais não-seguros e comportamento sexual de risco em pacientes que apresentam excesso de gordura no fígado devem ser investigados quando possuem esses fatores.

“Tratar a etiologia da doença hepática quando o paciente apresenta cirrose é extremamente importante pois há casos que chega a ser possível a regressão da doença”, diz.

Já para a Dra. Débora Raquel Benedita Terrabuio, ao tratar “Doenças inflamatórias intestinais – como aumentar o grau de suspeição na atenção primária à saúde?”, ela explica que para ser feito o diagnóstico é preciso avaliar no paciente há algum fator de risco cardiometabólico e, para tal, são necessários avaliar desde o IMC dele, seus níveis de colesterol e glicemia até o quanto é a sua ingestão de álcool.

“A doença esteatótica do fígado é uma das doenças silenciosas que levam ao óbito na população mundial. É importantíssima a participação do clínico na doença, pois há a recomendação do ultrassom de abdômen para essa identificação, um exame de baixo custo e acessível”, diz a especialista. “As enzimas hepáticas não refletem a gravidade da doença, mas para encontrar os pacientes de risco é preciso ir até os que apresentam maiores riscos de fibrose hepática”, explica.

Conforme explanou a Dra. Karoline Soares Garcia em sua palestra sobre “Doenças Inflamatórias intestinas – como aumentar a suspeição na atenção primária à saúde? que a Doença Inflamatória Intestinal (DII) não é rara, mas subdiagnosticada. “O tempo de diagnóstico é tardio e isso se deve a maior variedade de sintomas que o paciente apresenta”. Exemplo disso foi o caso de uma paciente, cuja diarreia começou sendo tratada como virose, depois ansiedade, síndrome do intestino irritável até o resultado final, depois de quatorze meses.

“Diarreia crônica com mais de quatro semanas, perda ponderal, dor abdominal persistente, anemia ferropriva, febre recorrente de origem indeterminada, fadiga, histórico familiar, manifestações extraintetinais são sinais de alerta para a DII”, diz a especialista. “Precisamos tratar com muito carinho a atenção primária, a porta de entrada precisa receber sua devida importância”, explica o Presidente da Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG), Dr. Áureo de Almeida Delgado. “Necessitamos manejar esses pacientes, acompanhá-los desde o médico primário, ele não precisa ser encaminhado ao especialista. Este paciente precisa ser orientado sobre suas comorbidades desde a atenção primária para que esta doença não evolua até um possível transplante hepático”, finaliza.