Um ano de Covid-19: só nós podemos evitar que mortes dupliquem, tripliquem
Mais de 250.000 mortes. Casos e óbitos em ascensão. Amazonas, Rondônia, Roraima e Acre, em estado – prático – de calamidade pública, sem condição de assistir a todos os infectados. A cidade de São Paulo, maior e mais bem preparada metrópole do Brasil, já com os leitos praticamente esgotados. O Brasil à beira do caos.
Vacinas se tornaram argumentos e peças de marketing para o debate político eleitoral sem que, no entanto, exista uma verdadeira e genuína intenção de, no mais breve espaço de tempo, disponibilizá-las em quantidades suficientes – que, em realidade, é o que realmente importa à população.
Um basta tem de se dar imediatamente: coletivo, uníssono. Os brasileiros devem tomar o próprio destino em mãos e trabalhar por seus direitos, pela saúde e pela vida.
Agora, temos 250.000 vidas perdidas. Tudo faz crer que estes números continuarão a aumentar vertiginosamente. Não precisamos mais de bons argumentos, de discussões ideológicas ou político-partidárias. Precisamos de competência, agilidade, senso de cidadania e de compromisso com a saúde da população brasileira.
Há um consenso entre pesquisadores, entre cientistas, entre nós, médicos: só a vacinação pode estancar o rastro de óbitos que a Covid-19 amplia dia a dia.
A Associação Médica Brasileira (AMB) conclama a todos os médicos do País a criarem uma rede de compartilhamento de informação confiável em seus consultórios, clínicas, hospitais, esclarecendo os pacientes sobre os riscos dos ineficazes “tratamentos precoces”. Existe apenas um caminho: se vacinar, já.
Vacina já!, repito sempre a meus pacientes, em entrevistas, aos familiares, a colegas médicos, a outros amigos… Só ela pode prevenir uma infecção por Covid-19.
Uma vacina eficaz é aquela que traz proteção para o indivíduo, ao mesmo tempo protegendo todas as pessoas que convivem com ele. Portanto, vacinar é ato de cidadania. A imunidade de rebanho é atingida somente quando imunizado um percentual elevado da população.
Alguns de nós, os mais antigos, lembramos bem de uma tragédia em saúde pública lá atrás: a poliomielite. Uma vacina acabou com a pólio no Brasil. Quem viveu as décadas de 50, 60, certamente assistiu cenas extremamente tristes. Crianças saudáveis, acometidas pela poliomielite, perdiam a capacidade de locomover por si própria, passando a necessitar suportes distintos: cadeiras de rodas, bengalas.
Não temos mais no País a poliomielite, por quê? Foi erradicada pelas vacinas. É bom que a população saiba disso, porque a vacinação também vai acabar com a Covid-19.
O que precisamos, todos, é repudiar as fake News, buscar fontes confiáveis, deplorar o uso político-ideológico da pandemia e criar uma corrente do bem pela vida, todos os pacientes e todos os médicos.
César Eduardo Fernandes
presidente da Associação Médica Brasileira