Vacine-se contra a COVID-19 e pare de fumar - AMB

Vacine-se contra a COVID-19 e pare de fumar

COVID-19 & TABACO: PREVINA ESTA COMBINAÇÃO LETAL!

       Na semana em que se destaca o Dia Mundial sem Tabaco – 31 de maio de 2021, A Associação Médica Brasileira, por intermédio da Comissão de Combate ao Tabagismo, perfilada à Organização Mundial da Saúde (OMS), autoridades sanitárias, médicos todas as instituições atuantes no combate à pandemia da COVID-19, alerta os cidadãos quanto aos importantes riscos de fumar ou vaporizar tabaco, que, além de outras 50 doenças, favorece a transmissão e o agravamento do quadro clínico causado pelo SARS-CoV-2.

      A COVID-19 se apresenta clinicamente de infecções assintomáticas a quadros respiratórios graves e disfunção de vários órgãos.  De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 80% dos casos são assintomáticos ou leves, enquanto 20% são formas moderadas a graves, requerendo hospitalização por síndrome respiratória aguda. Cerca de 5% são formas críticas, que necessitam de suporte ventilatório mecânico. Os indivíduos que evoluem para as formas mais graves da COVID-19 são os portadores de diabetes mélito, hipertensão arterial, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e câncer. Todas essas doenças têm reconhecida relação de causalidade com o tabagismo.

Todas as formas de consumo de tabaco aumentam o risco de desenvolver a COVID-19, inclusive a forma mais crítica que pode levar a um desfecho fatal.  O uso de cachimbo d’água narguilé e dispositivos eletrônicos para vaporizar nicotina ou tetrahidrocanabinol (THC) aumentam o risco de transmissão, pelo uso compartilhando de mangueiras e piteiras do narguilé, cigarro eletrônico e do tabaco aquecido, pois o usuário exala gotículas de vapor, propagando o SARS-Cov-2.  Fumantes de tabaco aquecido apresentam os mesmos riscos de complicações da COVID-19 que os usuários do cigarro tradicional.

A exposição à fumaça ou vapor de tabaco é o principal fator de risco para doenças respiratórias, infecções bacterianas, virais e tuberculose, devido às mudanças estruturais no trato respiratório e a redução de sua resposta imune. O tabagismo é prejudicial ao sistema imunológico e sua capacidade de resposta a infecções, tornando os fumantes mais vulneráveis a doenças infecciosas. Na microepidemia de MERS-CoV, no Oriente Médio, coronavírus clinicamente similar à COVID-19, houve associação significativa entre o tabagismo e taxa de mortalidade. Os fumantes dobram as chances de contrair influenza, terem sintomas mais graves e maior mortalidade, comparados aos não-fumantes.

A exposição à fumaça do tabaco aumenta a inflamação na mucosa respiratória e a expressão de citocinas inflamatórias e o fator de necrose tumoral; aumenta a permeabilidade da barreira alvéolo-capilar – edema, espessamento septal e hipersecreção mucosa-, e compromete o transporte mucociliar.  Conhecer os fatores evitáveis do hospedeiro, como o tabagismo, é importante na redução da contaminação viral e da gravidade da doença.        

A principal porta de entrada do SARS-Cov-2 é através das mucosas da boca, nariz e vias aéreas superiores e, menos frequentemente, pela conjuntiva dos olhos. Na síndrome de angústia respiratória severa (SARS), causada pelo SARS-CoV-2, há envolvimento dos receptores da enzima conversora da angiotensina II (ECA2), que são abundantes nos pneumócitos tipo II e no tecido alveolar. A expressão genética da ECA2 é maior no epitélio das grandes e pequenas vias aéreas de fumantes e ex-fumantes, comparados a quem nunca fumou.

Os fumantes, ex-fumantes e portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) apresentam aumento da expressão da ECA2 nas vias aéreas inferiores. Isto sugere que fumar contribui para o aumento dos receptores virais sendo, portanto, um importante fator de risco para complicações e de prognóstico reservado na infecção pelo SARS-CoV-2, o que não se observa em infectados não fumantes.

Os fumantes fazem parte do grupo de risco para a contaminação e complicações da COVID-19, não somente pelas comorbidades tabaco-relacionadas preexistentes, mas também porque apresentam elevados níveis de proteína C reativa (PCR), Dímero-D e das citocinas pró-inflamatórias. Assim como ocorre nos fumantes, indivíduos contaminados com SARS-CoV-2 apresentam elevações das interleucinas IL-2 e IL-7), além do fator de necrose tumoral alfa, o que contribui para a síndrome de tempestade de citocinas, responsável pelas graves lesões endoteliais, observadas em pacientes que evoluem para a forma grave da COVID-19, com excesso de inflamação e síndrome de disfunção de múltiplos órgãos (SDMO).

A cada tragada de cigarros ou produtos similares, o fumante inala considerável volume de monóxido de carbono (CO). A grande afinidade de ligação do CO com a hemoglobina gera a carboxiemoglobina, que leva à hipóxia, resulta em menor tolerância ao exercício e menor capacidade aeróbica. Entre os fumantes os pacientes com COVID-19, a hipóxia crônica e a exposição a outras toxinas do tabaco levam à disfunção endotelial e a processo inflamatório generalizado e, a quadro de hipercoagulabilidade.

Esses achados revelam a importância da janela de oportunidade para cessar o tabagismo e aumentar a vigilância nesta população, para prevenção e diagnóstico rápido da COVID-19, uma doença potencialmente letal. As evidências sugerem que parar de fumar por 4 semanas ou mais, melhora o clearance mucociliar e a função imune pulmonar, reduzindo o risco de desenvolver COVID-19 e suas graves complicações, bem como outras infecções pulmonares.

A hipóxia decorrente da intoxicação crônica por CO tende a desaparecer depois das primeiras 8 horas sem fumar. Após um dia de abstinência, há recuperação da disfunção endotelial vascular e, após 2 semanas, se normaliza a agregação plaquetária e o fibrinogênio sérico, reduzindo os riscos de eventos tromboembólicos e cardíacos entre fumantes.  

Portanto, a cessação do tabagismo é importante medida de proteção, e deve ser encorajada pelos médicos como forma de motivar o fumante a deixar de fumar, reduzindo assim as chances de complicações caso venha a se infectar com o SARS-CoV-2.

     Em síntese, fumar é fator de risco para a transmissão, infecção e progressão desfavorável da COVID-19. Os médicos devem coletar dados sobre o tabagismo, um sinal vital, como parte indissociável da história e controle clínico dos pacientes e, além disso, incluir a oferta de cessação no rol de boas práticas para o controle da pandemia COVID-19.

Seu médico aconselha: Proteja-se da COVID-19 e do Tabaco: não fume, ou pare de fumar já!!!

Fumar ou Vaporizar Não é essencial durante a COVID-19 ou para sempre!